Maria Josefa da Silva, tia de meu trisavô paterno, casou-se em 26/11/1789 com José de Araújo. Nada estranho até este ponto, mas observe a forma como o pároco a descreveu no assento de casamento abaixo.

Casamento de José de Araújo e Maria Josefa da Silva – 26/11/1789 – Barcos, Tabuaço, Viseu

Aqui a transcrição com minhas ênfases:

Aos 26 dias do mês de novembro do ano de 1789 se casaram em face de igreja na forma do concílio tridentino e constituição deste bispado, na presença do [reverendo] Caetano José da Fonseca, desta freguesia de Barcos, [com licença m.ª], José de Araújo, filho legítimo de Manoel de Araújo, natural do lugar de Santo Aleixo desta freguesia, e sua primeira mulher Quitéria de Macedo, natural desta freguesia e vila de Barcos, o qual José de Araújo se casa com Maria Josefa da Silva, filha espúria de Antonio Soares da Costa da freguesia de Tabuaço e Bernarda da Silva, solteira desta de Barcos. Este casamento é o primeiro da parte de ambos. Foram testemunhas José Antonio da Costa, o padre sacristão Mathias Pereira, Josefa de Macedo e outras muitas mais pessoas. E por verdade fiz este assento que assinei com as testemunhas abaixo assinadas. Dia, mês e ano ut supra.

Se você leu o texto anterior sobre filhos naturais, deve lembrar que espúrio é a denominação atribuída ao filho ilegítimo de pais que têm entre si primeiro grau de afinidade ou consanguinidade ou ainda que cometeram incesto.

Sei que não se deve dar total crédito aos párocos, pois eles também cometiam erros, mas é estranho que este tenha usado o termo espúria, que implica uma falta grave à luz da Igreja, em lugar de apenas natural, o que seria esperado uma vez que os pais de Maria Josefa não eram casados quando ela nasceu.

Infelizmente, a falta de registros digitalizados ainda não permite comprovar qual grau de parentesco existia entre os pais de Josefa, portanto permanece a suspeita de que o pároco possa apenas ter cometido um equívoco nesse caso.


José Araújo é linguista e genealogista.


José Araújo

Genealogista