De modo geral, posso dizer que a pesquisa genealógica trouxe-me apenas alegrias que poderia sintetizar em duas palavras – conhecimento e encontro.

Por um lado, pude descobri os dramas de pessoas com quem compartilho mais do que apenas o sobrenome e que eu e meus parentes vivos simplesmente desconhecíamos. Por outro lado, pude me reaproximar desses mesmos parentes, que eram tão ávidos por conhecer seus antepassados quanto eu.

Foi com grande surpresa, no entanto, que descobri que nem sempre o pesquisador encontra essa sorte, mesmo quando busca reconstruir a história de sua própria família. Sei de ao menos um caso de um pesquisador próximo que teve experiência em parte diversa.

Esse pesquisador, pessoa absolutamente idônea, relatou ter procurado seus parentes e explicado o propósito de sua investigação. Por motivos que o surpreenderam, ele encontrou não apenas resistência para o fornecimento de informações e documentos como também hostilidade pura e direta.

Creio que famílias que possuam esqueletos no armário – expressão inglesa que significa um histórico não abonador – possam ter suas razões para não querer expor seu passado por temor de que seus filhos e netos possam sofrer preconceito. Creio que não seja esse o caso da família de meu amigo.

Outro caso que poderia despertar má vontade na pesquisa genealógica seria a disputa pelo espólio de um parente rico, caso que suponho também não se aplique à família do já citado amigo.

Não imagino que outra razão – para além dessas duas – poderia haver para tal resistência ao fornecimento de documentos, sejam cartas, fotografias ou passaportes, entre outros. Mas elas devem existir, e a conclusão é que não podemos jamais ter certeza de que não encontraremos resistência de nossos familiares ao desenvolvimento de uma pesquisa de fundo tão íntimo quanto a genealógica.

Talvez possamos pensar em algumas formas de evitar essa resistência:

  1. Apresentar com clareza e objetividade o propósito e os limites da pesquisa que será realizada;
  2. Informar a previsão de devolução dos documentos que sejam emprestados para digitalização e transcrição;
  3. Dar conhecimento periodicamente do andamento da pesquisa;
  4. Obter autorização de cada envolvido antes de divulgar os resultados da pesquisa;
  5. Jamais fazer uso comercial dos resultados da pesquisa sem autorização dos envolvidos.

Não creio que essas medidas eliminem todos os temores e resistências, porém creio que possam gerar confiança quanto aos propósitos do pesquisador.


José Araújo é linguista e genealogista.


José Araújo

Genealogista

1 comentário

Cerca – Genealogia Prática · 3 de julho de 2020 às 09:02

[…] pesquisa a genealogia da própria família costuma encontrar alguns “esqueletos no armário“, como se diz em inglês. Esses esqueletos podem aparecer sob a forma de filhos bastardos, […]

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