Em 1578 Baltazar de Moraes foi eleito juiz ordinário em São Paulo, mas sua eleição foi contestada. Como o ouvidor Tristão de Oliveira decidiu a causa em seu favor, Baltazar tomou posse em 30 de janeiro de 1579, mas em 19 de abril partiu para o reino a fim de obter testemunhas de sua filiação e um documento que comprovasse sua pureza de sangue. O propósito dessa viagem levanta a suspeita de que Baltazar tenha sido denunciado como judaizante.

O documento de que ele necessitava, um instrumento de comprovação de nobreza, estava de posse de seu irmão Belchior de Moraes, mas foi trasladado, pois já estaria desgastado pelo uso. Tendo a comprovação de filiação por testemunhos e de posse do instrumento de pureza de sangue, Baltazar providenciou reconhecimentos cartoriais em Portugal e no Brasil.

Segundo a obra de Elysio de Oliveira Belchior Conquistadores e Povoadores do Rio de Janeiro, Baltazar nascera em Mogadouro, Portugal, por volta de 1530, e era filho de Pedro de Morais e de Isabel Navarro de Antas. Casou-se com Brites Rodrigues Anes e morreu antes de 1600. Baltazar e Brites foram os octavós de Maria Tereza da Paz (1791-1855), minha tetravó.

A genealogia dos Antas, a nobre família de Baltazar, pode ser encontrada no registro do Brasão de Armas e outros documentos relativos a Manuel de Morais Faria Antas da Silva, produzido em 1724 e disponível em formato digital nos arquivos do site da Torre do Tombo.

É desse documento que transcrevo os trechos a seguir, com meus destaques, em que essa genealogia é apresentada geração a geração desde o primeiro a supostamente usar o sobrenome Antas em Portugal.

A família dos Antas é uma das mais antigas e nobres das Espanhas, segundo alguns autores aparentada muitas vezes com os reis, príncipes e casas ilustres delas. Teve o seu princípio em tempos do senhor Rei Dom Afonso, o sexto, de Castela. O primeiro de quem temos notícia que usasse esse apelido foi D. Mendo Alão, senhor de Bragança e de outras muitas terras em Castela, o qual procedia dos ditos reis de Castela. Casou com uma filha de El Rei de Armênia quando com sua família se passou ao dito reino – de quem teve – Fernão Mendes de Antas, que casou com uma filha de El Rei D. Afonso, o sexto, de Castela chamada D. [Sancha de Leão] e dela teve a – Mem Fernando de Antas, o qual casou com D. Sancha Viegas, filha de Egas Gozendes – e teve Fernão Mendes de Antas […], que casou com D. Tereza Soares, filha de Soeiro Mendes, o bom – de que teve a – Fernão Mendes de Antas de Laerra, que casou com D. Grácia Pires, de que teve a – Vasco Pires de Antas, que casou com D. Aldonça Gonçalves de Moreira, de que teve a – Vasco Pires de Antas Vairão [Beirão] com o mesmo senhorio do Vimioso, Chacim e outras terras; casou com D. Inês Rodrigues de Moraes, filha de Rui Martins de Moraes e de D. Alda Gonçalves, de que teve a Afonso Mendes de Moraes Antas, que teve o senhorio da vila do Vimioso e outras terras em tempo de El Rei D. João, o primeiro; casou com D. Aldonça Gonçalves de Moraes, filha de Lourenço Pires de Távora, senhor do Mogadouro, e tiveram a – Mendo Afonso de Moraes Antas, que sucedeu a seu pai no senhorio do Vimioso como consta de um brasão dado a Belchior de Moraes Antas, seu quinto neto, no ano de mil e quinhentos e oitenta e seis; e casou com D. Margarida de Vasconcelos e teve a – Estevão Mendes de Moraes Antas […], filho primeiro e herdeiro da casa de seu pai […], foi casado com D. Maria de Madureira filha, de que teve a – Vasco Rodrigues de Moraes Antas […], que casou com D. Micaela de Albuquerque na mesma vila e teve a – Pedro de Moraes Antas, que casou com D. Inês Navarro Dantas e teve – […] Baltazar de Moraes Antas, que casou em Longroiva da Beira dotado de muitos bens e especiais privilégios da sua casa e deste descendem [o citado Belchior de Moraes Antas e seu irmão Baltazar de Moraes de Antas, com quem iniciamos este texto]

Encontrar ramos ligado à nobreza durante a pesquisa é uma sorte para qualquer genealogista, pois esses ramos normalmente legaram descrições genealógicas detalhadas para a posteridade. Graças à documentação de nobreza encontrada, minha genealogia alcançou a vigésima-sexta geração.


José Araújo é genealogista.


José Araújo

Genealogista

3 comentários

Eufrásia – Genealogia Prática · 11 de fevereiro de 2022 às 08:11

[…] Moraes Madureira, neta de Pedro de Moraes Dantas e bisneta do patriarca Baltazar de Moraes Dantas, cuja história já contei aqui. Também segundo Silva Leme, Carlos de Moraes Navarro (1634-?), irmão de Mariana, casou-se com […]

1922 – Genealogia Prática · 21 de fevereiro de 2022 às 16:16

[…] de Tarsila e descendia ainda do casal Baltazar de Moraes d’Antas e Brites Rodrigues Annes, de quem já tratei aqui. Embora se tenha por muito tempo feito a crítica de que a Semana de 1922 fosse um movimento de […]

Irineu – Genealogia Prática · 9 de agosto de 2022 às 20:51

[…] materno, Irineu descendia do cristão-novo Sebastião de Freitas – seu hexavô – e de Baltazar de Moraes de Antas – seu heptavô e meu tridecavô por intermédio de minha tetravó materna Maria Tereza da Paz […]

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