Aos vinte e sete dias do mês de novembro de mil e oitocentos e sessenta e nove, em [casa] de residência dos herdeiros do finado Leocádio Pamplona Côrtes, moradores e paroquianos desta freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal, depois de serem proclamados […] e dispensados da proclamação de dois banhos pela autoridade competente, e não resultado impedimento algum, [fazendo ali levantar altar portátil] [para que precedeu] licença da autoridade eclesiástica, perante ele recebi em matrimônio pelas horas da tarde, em presença das testemunhas de em diante abaixo assinadas, a Manoel Antônio de Sousa Filho, idade trinta e dois anos, viúvo de Dona Jacinta Pereira de Andrade, filho legítimo de Manoel Antônio de Sousa e de Ana Ferreira de Jesus, já falecida, com Dona Adelaide Leopoldina de Moura Côrtes, fluminense, idade vinte e três anos, filha legítima de Joaquim Mariano de Moura e de Dona Joana Maria de Jesus Moura, já falecida, batizada e paroquiana desta freguesia, viúva de Leocádio Pamplona Côrtes, sendo o contraente natural da freguesia de Alfena, bispado do Porto, no reino de Portugal, também morador e paroquiano desta freguesia do Bananal. Do que para constar fiz este assento que assinei.

A nubente Adelaide Leopoldina de Moura Côrtes (1846-?) era neta materna de Antônio Soares da Silva (1775-1857) e Helena Maria de Jesus (ca. 1780-1860), esta, por sua, vez filha de Francisco Antônio Pereira Belém. Antônio e Francisco Antônio foram cafeicultores e escravocratas e também patriarcas de famílias cujos descendentes casaram-se entre si – constituindo um caso exemplar de endogamia – e estão nas origens de meu costado materno, segundo constatei por provas genéticas e documentais.

A jovem Adelaide foi a última mulher de seu marido, que antes já havia sido casado com duas netas de Francisco Antônio Pereira Belém, o que demonstra que o casamento com descendentes dos já citados patriarcas deveria ser algo a se almejar na sociedade de Bananal de Itaguaí, hoje Seropédica, no Rio de Janeiro, no século XIX.

Adelaide deve ter tido uma motivação bastante grande para se casar com com o viúvo Manoel Antônio de Sousa Filho, pois a cerimônia ocorreu apenas seis meses após o óbito de seu finado marido Leocádio Pamplona Côrtes, como se constata no assento de óbito exibido e transcrito abaixo:

Óbito de Leocádio Pamplona Côrtes – 3/05/1869 – Itaguaí

Aos três dias do mês de maio de mil e oitocentos e sessenta e nove foi encomendado e [desceu] sepultura no cemitério da fábrica desta freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal o corpo de Leocádio Pamplona Côrtes, fluminense, idade quarenta e nove anos […], casado com Dona Adelaide Leopoldina de Moura Côrtes e paroquiano desta freguesia. Do que para constar fiz este assento que assinei.


José Araújo é genealogista.