Ao olhar os matches autossômicos (Family Finder) no sítio do FamilyTreeDNA, como faço com frequência, encontrei uma nova indicação com 24cM compartilhados e indicação de parentesco de prima entre o terceiro e o quinto grau. Como havia uma árvore disponível, decidi explorar, embora os usuários do FTDNA nem sempre forneçam muitas informações em suas árvores. Essa usuária específica – Bruna – forneceu dados até seus avós maternos e paternos, mas sem detalhes quanto aos locais e datas de nascimento e óbito. Mas dois sobrenomes chamaram minha atenção – Morais para a avó paterna e Sales para a avó materna -, pois também são encontrados em minha árvore.

Em vista dessas coincidências, usei o recurso In Common With para localizar possíveis matches entre mim e Bruna. No resultado foram apresentados:

  1. minha prima materna Suely;
  2. dois matches, mãe e filha, cuja relação genética e documental com minha família já foi apresentada aqui;
  3. um match ainda não analisado;
  4. e um match ainda não documentalmente esclarecido, natural do Espírito Santo, cuja avó paterna possuía o sobrenome composto Salles Pinheiro, que provavelmente se liga ao mesmo ramo que me a une a Suely e à dupla mãe-filha citadas.
In Common do Family Finder – FTDNA

Na sequência, enviei mensagem a Bruna para saber se ela teria informações adicionais não apresentadas em sua árvore no FTDNA. Eis o que ela me respondeu:

Começando pelo lado materno, toda a história que minha família sabe é que minha avó MF Sales, morava em Minas Gerais, mas nunca falou nada sobre ter irmãos ou família. Ela se casou 2x e ficou viúva cedo, mas nenhum dos 11 filhos teve nenhuma informação sobre parentes próximos. Os documentos de minha avó pegaram fogo em um incêndio doméstico, então nem a idade dela correta sabíamos. Ela faleceu na cidade de Santa Fé do Sul, local onde a família ainda mora.

A ausência de documentos certamente dificultou o conhecimento da história familiar no ramo materno de Bruna, mas as pistas que a genética apresenta sugerem que esse ramo se originou no Rio de Janeiro, mais especificamente entre os descendentes do casal João Pinheiro de Souza (1719-1782) e Paula Pereira Monteiro (1725-?) em que existe um registro do sobrenome Salles. Em minha árvore, esse sobrenome é registrado pela primeira vez com Francisco de Salles Pinheiro e Souza, neto do casal citado, que não foi meu parente direto, mas parece ter originado o ramo do tal match do ES e pode estar na origem de outros matches, como o de Bruna.

Após esse relato, destaco as estratégias que adotei e que podem ser úteis para casos similares:

  • É importante testar várias pessoas na família, de preferência os mais idosos, mas também primos, pois os matches que aparecerão para eles poderão trazer informações preciosas para a resolução de enigmas familiares;
  • É sempre uma boa estratégia publicar os dados brutos em diferentes plataformas, pois elas possuem bancos de dados com composições variáveis de pessoas testadas;
  • É necessário retornar periodicamente às plataformas onde publicamos os dados brutos, pois novos matches surgem todos os meses e podem, em qualquer momento, trazer informações úteis para nossas famílias;
  • É importante fazer contato com os matches que pareçam mais relevantes pela quantidade de DNA compartilhado (sugiro acima de 30cM, mas não apenas) e também pelos sobrenomes e regiões em comum com nossas famílias;
  • É fundamental aprender a utilizar as ferramentas oferecidas pelas plataformas, como o InCommon do FamilyTreeDNA e o Theory of Family Relativity do MyHeritage.

José Araújo é genealogista.