Barbeiro

Aos vinte e oito dias do mês de março de mil setecentos e trinta e cinco, nesta freguesia do Campo Grande, batizei e pus os santos óleos, digo, batizei sub conditione, por me dizerem que fora batizada em casa, por Manoel Pacheco Calheiros, e como ele não quis vir a minha presença, nem me certificaram pessoas fidedignas, somente escravos, batizei e pus os santos óleos a Inácia, filha de Garcia Rodrigues e de sua mulher [Florência] Pacheco, pretos escravos de Manoel Pacheco Calheiros, morador no Cabossu desta freguesia. Foram padrinhos Estêvão, preto barbeiro, escravo de Roque Gonçalves Dias, e Ângela Barbosa, preta de casa de Fabiano Gomes, homem pardo, e entrevado, morador no Cabossu. E por verdade fiz este assento que assinei dia e era ut supra.

(mais…)

Consciência

Neste dia nacional de celebração da Consciência Negra cabe lembrar que, segundo o censo de 2022, mais de 92 milhões de brasileiros (45,3% da população) identificaram-se como pardas, reconhecendo dessa forma que descendem de povos originários – africanos e indígenas. Levantamento feito pelo laboratório em cuja base de dados encontram-se majoritariamente os resultados de testes genéticos contratados por brasileiros, revelou que esse componente africano corresponde a 10,95% do DNA nacional e que Bahia (23,05%), Sergipe (16,90%) e Maranhão (15,96%) são os estados onde predomina essa herança.

(mais…)

Barreiras

Há algumas semanas, como resposta a uma postagem que fiz em um grupo do Facebook dedicado à Genealogia Brasileira, recebi a seguinte pergunta: “Como descubro os antepassados da minha trisavó que era escrava?”. Minha primeira reação foi responder sucintamente que não havia resposta simples para a pergunta, mas depois, refletindo a respeito de quão pouco informativo eu havia sido, decidi ser mais detalhista e complementei dizendo que, dependendo da região onde sua trisavó viveu, a colega poderia tentar localizar documentos relacionados aos proprietários dela, tais como inventários e testamentos, pois neles era comum que se informassem os nomes dos escravizados. Se essa trisavó tivesse vivido em uma região para a qual houve muita pesquisa de historiadores, talvez estes já tivessem levantado esses documentos. O restante de meu complemento foi genérico, terminando com a seguinte afirmação: a Genealogia de pessoas afrodescendentes é complexa, demanda muita pesquisa e nem sempre traz os resultados esperados.

(mais…)