Fugitivos

Após a chegada de Cabral às terras baianas, Portugal não iniciou de imediato uma ocupação maciça delas porque seria custoso e porque nelas não foram encontrados metais preciosos que justificassem o investimento – no que a coroa espanhola teve mais sorte nas terras por ela dominadas seis anos antes. Mas a ocupação do Brasil acabou sendo inevitável frente à cobiça das outras coroas europeias. Para evitar a perda do território, Portugal iniciou uma ocupação mercantil baseada no plantio da cana após a divisão do território em largas extensões que iniciavam no litoral e seguiam até os limites do Tratado de Tordesilhas no interior. Essas extensões de terra seriam administradas por capitães donatários que tinham enormes responsabilidades, mas parcas condições de manter o regime funcionando com lucro para a coroa. Diante das dificuldades por eles encontradas, a coroa portuguesa decidiu sediar um governo central na colônia, e o primeiro governador-geral foi o fidalgo Tomé de Souza, que construiu a primeira capital do Brasil – a cidade de Salvador – na capitania da Bahia de Todos os Santos. A ele se seguiram no governo da terra Duarte da Costa e Mem de Sá. Este último foi o responsável pela expulsão dos franceses que haviam conquistado a Baía de Guanabara em 1555. Ele nos interessa de perto para o que vou relatar.

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Salvador

As obras de José Gonçalves Salvador sobre os cristãos-novos no Brasil parecem muito atraentes para o pesquisador iniciante por fornecerem grande relação de pessoas que tinham essa origem. No entanto, elas demandam uma leitura mais cuidadosa, pois nem sempre as informações fornecidas pelo mestre condizem com os factos. Assim, por exemplo, é o caso do cristão-novo Duarte Nunes, que saiu da Bahia com sua família na virada do século XVI para o XVII e se estabeleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde aparentemente se viu livre das perseguições da Igreja.

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Condenadas

Recentemente divulguei no Instagram a publicação de um pequeno dicionário biográfico de mulheres afrodescendentes e cristãs-novas que viviam no Rio de Janeiro no século XVIII, o qual foi compilado a partir de pesquisas de Anita Novinsky e outros estudiosos do tema. Um seguidor comentou que nunca havia ouvido falar que tais pessoas tivessem existido. Mas elas existiram e, tal como outras mulheres de origem cristã-nova, também sofreram perseguições pelo Tribunal do Santo Ofício.

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