Disposições

Os assentos de óbito dos séculos passados podem fornecer ao pesquisador uma riqueza de informações que talvez pareçam irrelevantes ao leitor incauto. Boa parte dessas informações é encontrada nos trechos em que se transcrevem as disposições testamentárias do falecido, isto é, o que ele declarou em seu testamento a respeito de sua família, de seus bens e do que desejava que fizessem por seu corpo e sua alma (o pio). Ler com atenção essa seção pode fornecer pistas relevantes sobre as relações de parentesco e compadrio do falecido, bem como sobre suas afiliações religiosas.

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Cenário

Crie uma imagem para um post quadrado do Instagram exibindo a cena dentro de uma igreja do século XVIII no Brasil em que haja um homem maduro, capitão; uma jovem de cerca de 20 anos, a madrinha; um bebê do sexo feminino que está para ser batizado; a mãe do bebê, uma mulher parda e jovem, de ascendência africana; e o pároco. O clima é de tensão, pois a identidade do pai é supostamente conhecida dos padrinhos, mas não do pároco.

Esse foi o comando que forneci ao ChatGPT na tentativa de descobrir se ele seria capaz de elaborar um cenário completo para representar um evento de minha genealogia materna – o batismo de minha sexta-avó Firmiana Maria Xavier na freguesia de Santo Antônio de Jacutinga, recôncavo da Guanabara, na segunda metade do século XVIII. Firmiana foi identificada em documentos posteriores como parda forra e filha da também parda forra Ana Maria Xavier. Os padrinhos de batismo dessa minha ascendente foram pessoas representantes de duas famílias da elite colonial naquela freguesia – o padrinho Manoel pertencia à família dos Correa Vasques e a madrinha Inácia Francisca pertencia à família dos Sanches de Castilho – , por isso suspeito que o pai dela pertencesse a uma dessas famílias.

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Carteirada

Durante o período colonial, certas funções administrativas, militares e religiosas eram de acesso restrito apenas para pessoas que comprovassem ser de sangue puro, ou seja, que não possuíssem antepassados de origem africana, moura ou judia. Os estatutos de pureza de sangue exigiam que se fizesse uma investigação sobre as origens familiares dos candidatos a essas funções, pelo que não era infrequente que muitos fossem rejeitados, dada a quantidade de descendentes de africanos e judeus na colônia, onde no início da ocupação do território faltavam mulheres brancas com quem os colonos portugueses pudessem constituir família segundo mandava o catolicismo, a religião oficial da Coroa portuguesa.

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