Após ter o resultado de seu teste de DNA liberado, você espera encontrar outras pessoas testadas pelo mesmo laboratório com quem compartilhe um antepassado. Essas pessoas – seus matches ou coincidências -, que eu sempre chamo de ‘primos’, podem ter árvores bem documentadas que tragam pistas úteis para que você evolua em sua pesquisa. Mas o que fazer depois que o laboratório informa que existe uma centena de matches para você?

Para começar, nem vale a pena olhar todos os matches. Não perca tempo analisando ninguém com quem compartilhe menos de 15cM. Se o laboratório fizer distinção entre quantidade total de cM (Shared cM) e maior segmento (Longest Block), siga sempre com o maior segmento e certifique-se de olhar apenas aqueles matches que estiverem acima do limite inferior de 15cM. Matches com valores inferiores até podem ser parentes seus, mas seriam tão distantes que talvez nem se consiga encontrar provas documentais do antepassado em comum entre vocês.

Se a plataforma do laboratório oferecer recursos para filtrar os matches por origem geográfica, etnia, disponibilidade de árvore e sobrenome, explore sem titubear esses recursos. Se não houver filtros na plataforma, olhe inicialmente os matches acima de 15cM que parecem ter algum sobrenome em comum com os encontrados em ramos recentes de sua família. Em minha árvore, por exemplo, tenho muitos primos descobertos assim por conta da ascendência em meu hexavô João Pinheiro de Souza (1719-1782), do qual descendem famílias fluminenses, paulistas e capixabas com sobrenomes como Gomes de Moraes (de meu triasvô materno) e Pereira Belém (de meu bisavô no mesmo ramo), Pinheiro (de Souza) e Werneck. Os descendentes de João foram altamente endogâmicos, o que deve ter assegurado que o DNA desse patriarca chegasse até mim e meus ‘primos’.

Meus matches na plataforma FamilyTreeDNA

As duas etapas anteriores devem ter reduzido bastante a quantidade de matches úteis para investigação. Agora é o momento de verificar se eles têm alguma árvore na plataforma. Talvez tenham, mas provavelmente serão árvores pequenas demais para trazer alguma pista útil, que é a situação mais frequente segundo minha experiência. Mesmo que não tenham árvores grandes, se tiverem ao menos pais e avós nomeados você terá algo para tentar a próxima estratégia, que é descobrir quem são essas pessoas e quem são seus parentes mais próximos. Nesta etapa recorro ao Google e o Facebook.

No Google, digito o “nome completo” do match entre aspas e verifico se existem registros de processos judiciais, concursos, empresas abertas nesse nome. Quanto menos comum for o nome completo da pessoa, mais certeza você terá de que os resultados se referem ao match em questão. A ideia é descobrir onde essas pessoas vivem, de quem são filhas, pais ou cônjuges, por exemplo.

No Facebook, verifico se existe pessoa com o mesmo nome. Caso exista, verifico se a fotografia no perfil é similar à que talvez exista no perfil da plataforma do laboratório. Em seguida, olho os dados gerais da pessoa – na aba Sobre – para descobrir sua naturalidade, onde ela morou, se indicou pessoas de sua família com identificação específica de parentesco. Por fim, analiso as postagens feitas por ela para tentar descobrir conteúdos em que sejam identificados parentes como pais, avós, irmãos ou tios e primos.

Quando todas as etapas anteriores sugerem que existe mesmo um parentesco passível de descoberta entre mim e um match, envio por e-mail ou pela ferramenta de comunicação da plataforma do laboratório uma mensagem como a seguinte:

Olá,

O [laboratório] indica que temos um parentesco, que pode ser próximo ou distante, mas parece que somos primos de alguma forma.

Tenho uma árvore bem desenvolvida nos meus ramos paternos, que são oriundos de Portugal (Viseu e Vila Real), com imigração recente para o Brasil. Os sobrenomes são [sobrenome 1] e [sobrenome 2].

Um de meus ramos maternos é muito bem desenvolvido até o século XVI, chegando até a Genealogia Paulistana e aos primeiros moradores do Rio de Janeiro identificados na obra de Carlos Rheingantz. Outros ramos ainda estão por ser revelados, por isso fiz o teste genético. Os sobrenomes são [sobrenome 3] e [sobrenome 4], entre muitos outros.

Minha família materna recente tem passagem por Seropédica, Austin, Nova Iguaçu, mas tenho parentes já identificados por genética no Rio de Janeiro (Valença), São Paulo e até no Espírito Santo (Alegre).

Se quiser descobrir como podemos estar relacionados – talvez eu possa ajudar em sua pesquisa -, basta responder e informar o que sabe sobre seus antepassados, ou seja, os nomes de seus pais, avós, bisavós; onde (cidade, estado) e quando nasceram, casaram e faleceram. Qualquer informação ajuda.

Abraço,
[ASSINATURA]


José Araújo é genealogista.


José Araújo

Genealogista