Durante algum tempo acreditei que já havia encontrado muita informação sobre a vida de Maria Teresa da Paz (1791-1855), avó de meu bisavô João Pereira Belém (1848-1921), mas a pesquisa frequente e continuada quase sempre me traz novas revelações sobre os antepassados. Às vezes essas revelações surgem da descoberta de novas fontes documentais. Às vezes, surgem como resultado das pesquisas de pessoas que podem não ter a menor noção do quanto colaboraram comigo. É dessa colaboração involuntária – que me trouxe novas informações sobre Maria – que trato aqui.

Casada aos 18 anos com o capitão Francisco do Rego (1766-1837), de família açoriana, Maria Teresa gerou de seu marido ao menos dois filhos que receberam os sobrenomes da família dela: José e Pedro Gomes de Moraes, este segundo meu trisavô. Por alguma razão, esse casamento estaria fadado ao insucesso, pois, a partir de 1820, o casal passou a viver separado. Joaquim terminou seus dias em Itacuruçá, Rio de Janeiro, onde morreu aparentemente só com 70 anos de idade. Maria mudou-se para Paracambi, Rio de Janeiro, onde manteve um relacionamento com Pedro Cipriano Pereira Belém (1795-1860), de quem gerou cinco filhos reconhecidos por ele: Fernando, Francisca Rosa, Francisco Cipriano, Manoel e Maria José.

A genealogia materna de Maria Teresa era bastante rica, pois ela descendia de famílias coloniais antigas que viveram em Santos, São Paulo e São Vicente e também no Rio de Janeiro. Em sua ascendência foram encontrados inúmeros cristãos-novos, pessoas que devem ter tido vidas tão atribuladas quanto a dela própria. Mas as pistas documentais começaram a escassear.

E foi nesse ponto que a Genealogia Genética surgiu como aliada, fornecendo novos detalhes sobre as origens familiares coloniais de Maria. Esses detalhes foram encontrados exatamente por conta da colaboração involuntária de uma pessoa que fez um teste pelo laboratório Genera e surgiu como correspondência (match) para mim. Por sorte, tanto essa pessoa quanto minha tetravó compartilhavam a condição de serem descendentes em linha direta matrilinear de Teresa Barbosa de Jesus, que seria uma mulher nativa ou descendente de uma nativa.

Uma senhora brasileira em seu lar – Jean-Baptiste Debret – 1823

Dada essa colaboração involuntária, agora também sei que Maria Teresa carregava em seu DNA uma herança dos primeiros habitantes do Brasil, provavelmente daqueles que habitaram os planaltos ou o serrado brasileiro.

Para saber mais sobre as origens ameríndias da população brasileira, recomendo a leitura das seguintes obras:


José Araújo é genealogista.