O uso de pseudônimos é comum entre atores e cantores, mas não se espera que ocorra entre pessoas comuns e muito menos em documentos oficiais. Um caso curioso foi observado em uma árvore que estou elaborando e que poderia futuramente constituir um ramo de minha família materna – o dos Pereira Belém.
Essa árvore contém membros de uma família importante na cidade de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, por serem proprietários de um jornal. O facto de o fundador do jornal – Silvino Hipólito de Azeredo Coutinho (ca. 1859-1939) – ser descendente de escravos tem despertado o interesse de historiadores que estudam o período pós-escravidão.
Avelino, um dos filhos de Silvino Hipólito, casou-se no Rio de Janeiro, em 22/05/1943, com Maria José Belém, filha de Adolfo Belém, como anunciado no jornal da família na nota que se vê abaixo:
Ocorre que tanto Maria José quanto seu pai Adolfo – funcionário da Central do Brasil e fundador e tesoureiro de um centro espírita da cidade – tinham outras identidades civis: ela seria também Delphina, e ele seria também At(ah)ualpa.
Abaixo, uma foto do jornal onde creio ter identificado a modista Maria José/Delphina Belém:
Afora casos de diferenças pequenas em registos paroquiais, nenhum caso similar de pseudonímia foi encontrado em minha família, portanto este segue sendo uma curiosidade.
Atualização em 11/09/2018:
- Conforme atualizações do texto anterior, os Belém apresentados aqui não são meus parentes;
- O termo pseudônimo talvez não se aplique corretamente a At(ah)ualpa, pois a descoberta da certidão de seu segundo casamento comprova que ele teria mudado de nome em algum momento entre 1915, quando nasceu Maria José, e 1921.
José Araújo é linguista e genealogista.
1 comentário
Confuso – Genealogia Prática · 6 de junho de 2024 às 15:17
[…] ou quando eram já adultos. Sim, a escolha do sobrenome era feita pela própria pessoa e até mesmo o prenome poderia ser trocado no crisma ou mais tarde. Mulheres, que costumavam ter nomes confessionais, não raramente usavam […]
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