Apenas 16 anos, mas duas centenas de quilômetros, separaram os nascimentos de Ana Quitéria Joaquina de Oliveira (1759-1837) e de Antônio Soares da Silva (1775-1857). Ele nasceu na Freguesia de Nossa Senhora da Anunciação do Irajá, no Rio de Janeiro; ela nasceu na Freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo, em Barbacena, Minas Gerais. Eram primos de segundo grau, bisnetos do português Antônio Barbosa de Matos e da brasileira Mariana de Matos Coutinho, esta descendente dos primeiros moradores do Rio de Janeiro, segundo o genealogista Carlos Grandmasson Rheingantz (1915-1988), fundador do Colégio Brasileiro de Genealogia.

Antônio Soares da Silva foi cafeicultor e senhor de escravos na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal, pertencente à Vila de Itaguaí, no século XIX. Antônio casou-se com uma filha de Francisco Antônio Pereira Belém (ca. 1750 – ca. 1833), cujos descendentes também se casaram com filhos e netos de Antônio, tecendo uma complexa teia de relações endogâmicas na qual se encontram as origens de meus antepassados maternos – meu bisavô materno era um Pereira Belém.

Ana Quitéria, por sua vez, casou-se em Barbacena, em 14 de junho de 1773, com o português Luiz Alves de Freitas Bello. Dez anos depois, seriam pais de Mariana Cândida de Oliveira (1783-1841), que se casaria no Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1801, com o carioca Francisco de Lima e Silva (1785-1853). Em 25 de agosto de 1803, em Porto da Estrela, Magé, Mariana e Francisco batizaram seu único filho homem, que se chamaria Luiz. Ana Quitéria, a avó materna, foi sua madrinha de batismo.

Guerra do Paraguai

Aos cinco anos de idade, Luiz foi titulado Cadete de 1ª Classe, e aos 15 matriculou-se na Academia Real Militar, de onde egressou promovido a Tenente, em 1821, para servir na unidade de elite do Exército do Rei. Após o retorno da Família Real para Portugal e a proclamação da independência do Brasil, a carreira militar de Luiz rendeu-lhe notável ascensão até que, em 18 de julho de 1841, em atenção a serviços prestados na pacificação do Maranhão, recebeu o título nobiliárquico de Barão de Caxias. O título de Duque de Caxias, com que ficou conhecido na posteridade, foi recebido apenas em 1869, por sua atuação na Guerra do Paraguai. Em 13 de março de 1962, um Decreto do Governo Federal o tornou o Patrono do Exército Brasileiro.


José Araújo é genealogista.