Fidedignidade

As obras de grandes genealogistas do passado como a de Frei Jaboatão, a de Pedro Taques, a de Rheingantz e a de Silva Leme são fundamentais para a construção das árvores genealógicas de boa parte dos brasileiros contemporâneos, mesmo para aqueles que se propõem a criá-las no FamilySearch, plataforma colaborativa onde um ramo criado pode se unir a outros já disponíveis e criados por terceiros a partir de referências obtidas nas tais obras. Para o bem da precisão, é preciso reconhecer que as grandes obras genealógicas não estão absolutamente corretas e podem conter erros de interpretação dos documentos originais. Outro aspecto que merece atenção é o fato de que elas nem sempre informam as datas e locais de nascimento, casamento e óbito dos membros das famílias nelas contidas. Este último é um aspecto que desperta meu interesse, pois dispor dessas informações é essencial para a construção de um relato histórico e familiar fidedigno. Um caso a que há algum tempo tenho me dedicado é o do cristão-novo Afonso Mendes, cirurgião-mor da corte portuguesa que veio para Salvador em 1557 na frota que trouxe Mem de Sá, o terceiro governador-geral do Brasil. Pouco se sabe sobre a vida dele antes da vinda para o Brasil e sobre a de seus familiares em Portugal e no Brasil, pois nenhuma obra genealógica do passado se dedicou inteiramente a eles. Por essas razões eu me predispus a reunir as pistas esparsas disponíveis para tentar construir um relato coerente.

(mais…)

Fama

Descobrir um ramo da árvore genealógica que se liga a uma família tradicional e que tinha poder e posses nos séculos passados é uma grande sorte para quem dá os primeiros passos na pesquisa. E a razão para isso é que tais famílias provavelmente tiveram sua genealogia estudada por grandes mestres como Pedro Taques, Silva Leme, Rheingantz e outros. O acesso às obras desses mestres economiza incontáveis horas de pesquisa em arquivos públicos e mesmo em bases de dados como o FamilySearch, onde, aliás, podem-se até encontrar as árvores completas dessas famílias tradicionais aparentadas. Mas nem sempre se deve ir com muito entusiasmo ao pote das genealogias das famílias tradicionais e poderosas.

(mais…)

Aparências

Neste segundo texto da série que dediquei à proposta de uma Genealogia que recrie a vida cotidiana dos antepassados, tratarei de aspectos de que muitas vezes não se encontram referências: os elementos que compunham o ambiente doméstico dessas pessoas – suas residências e mobiliário – e a forma como elas se apresentavam na vida privada e pública – sua indumentária. Pretendo tratar desses elementos em relação à vida cotidiana de Ana de Oliveira, filha de Afonso Mendes, cirurgião-mor da corte portuguesa que chegara com a família a Salvador em 1557 acompanhando o governador-geral Mem de Sá e lá foi denunciado 34 anos depois pela prática de costumes judaicos.

(mais…)