Dois matches ainda por resolver em minha árvore são os do fluminense João Paulo e da norueguesa Camila, que também compartilham DNA com meus primos maternos e ainda são matches entre si (25,7 cM), segundo o MyHeritage. Consegui traçar as árvores desses jovens até o casal Antônio da Silva Amaral (1808-1874) e Leocádia Clara de Souza (1820-1885), que viveram e faleceram em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, onde minha família materna se encontrava na segunda metade do século XX depois de haver saído de Seropédica. Camila descende de Inácio da Silva Amaral (1848-1913); João Paulo, de Luiza Clara da Silva Amaral (1861-1936). Ambos irmãos inteiros e filhos do casal Antônio e Leocádia.
João Paulo é match meu (62,8 cM), de meu primo Wilsomar (64,6 cM) e ainda de uma pessoa chamada Luciano (28,7 cM). A ferramenta do MyHeritage mostra que nós quatro temos segmentos triangulados no cromossomo 18, sendo um grande segmento em comum entre mim, Wilsomar e João e um outro menor, porém superposto ao anterior, compartilhado com Luciano. Isso parece significar que realmente temos um antepassado comum e que não se trata de um mero exagero interpretativo da ferramenta. Segundo o MyHeritage:
Segmentos triangulados são segmentos de DNA compartilhados que você (ou uma pessoa cujo kit de DNA você gerencia) e todas as Correspondências de DNA selecionadas compartilham uns com os outros e, portanto, provavelmente todos são herdados de um antepassado comum.
A análise populacional – Chromosome Painter – do FTDNA informa que tanto eu quanto Wilsomar temos no cromossomo 18 predominância de DNA de origem europeia – europeia meridional para ambos e europeia ocidental apenas para mim – com pequenos segmentos de DNA norte-africano também para ambos. Estes pequenos segmentos provavelmente decorrem de uma herança moura, muito comum entre ibéricos e seus descendentes.
Sei que meu ramo paterno é 100% português, de imigração recente e não se comunica com os ramos familiares de meus primos antes da segunda metade do século XX, portanto é mesmo apenas em meu ramo materno que deverei encontrar o antepassado comum com Camila e João, pois, como vimos, ambos descendem de pessoas que já estavam no Brasil na primeira metade do século XIX, talvez antes.
A solução para esse quebra-cabeças parece estar em Luciano, de quem consegui encontrar ascendência em ramos endogâmicos de descendentes do casal João Pinheiro de Souza (1719-1782) e Paula Pereira Monteiro (1725-1815), que originaram incontáveis famílias do sul fluminense (Seropédica, Valença, Vassouras) e também do Espírito Santo (Alegre, Graçuí). Descende desse casal, por exemplo, a enorme família Werneck, da qual saíram membros da nobreza titulada do império e também políticos republicanos e artistas plásticos e de outros ramos das artes.
Se a análise estiver correta, posso ter encontrado no prolífico casal João Pinheiro-Paula Monteiro os antepassados que explicam todos os matches apresentados. Talvez contribua para essa interpretação o sobrenome da matriarca nos ramos familiares de Camila e João: Leocádia Clara de Souza. Até o momento nenhuma prova documental da ascendência de Leocádia foi encontrada, mas agora a busca pode prosseguir com alguma orientação específica.
José Araújo é genealogista.