Minha família materna tem ramos cariocas desde o século XVII, sendo que alguns deles são colonizadores chegados de outras capitanias – entre elas a Bahia – e outros são africanos escravizados trazidos pelo tráfico transatlântico desde Angola e da Guiné. Embora eu já tenha conseguido avançar para esses antepassados mais remotos, não tive sucesso equivalente para encontrar outros descendentes vivos de todos eles. Um caso em questão está no ramo dos Peraltas, que tem como seu antepassado mais remoto o cirurgião-mor da corte portuguesa Afonso Mendes, mais conhecido como Mestre Afonso, que veio para o Brasil em 1557 com Mem de Sá, o terceiro governador-geral do Brasil, e se estabeleceu com sua família em Salvador, então capital da colônia. Mestre Afonso e Maria Lopes, sua mulher, tiveram ao menos cinco filhos: Álvaro Pacheco, Ana de Oliveira, Branca de Leão, Manoel Afonso e Violante Pacheco. Ana de Oliveira casou-se com o médico biscainho Gaspar de Vila Corte de Peralta e foi com esse casal que acredito ter-se originado o título dos Peralta que passou da Bahia para o Rio de Janeiro.
Gaspar e Ana tiveram ao menos quatro filhos – Branca, Isabel, Maria e Sebastião – , todos identificados na documentação pelo sobrenome de Peralta. Branca de Peralta casou-se com o português Antão Delgado Aires, com quem teve ao menos seis filhos: Gaspar Cordeiro, Maria Cordeiro Aires, Francisco Cordeiro, Antão Delgado, Ana e Isabel. O sobrenome Cordeiro deve ter origem na família de Antão Delgado, ainda não identificada. O filho Gaspar, que talvez tenha sido o primogênito, em algum momento saiu da Bahia natal e mudou-se para o Rio de Janeiro, originando o ramo que chegou até mim. Descobri que ele foi casado com uma parente sua de nome Maria de Peralta, talvez uma prima, com quem teve ao menos três filhos: Antônio de Peralta, Gaspar de Vilacorte e Tomás Cordeiro de Peralta.
Tomás foi vereador da cidade do Rio de Janeiro e casou-se com Inês da Luz, descendente dos Escórcio Drummond, de ancestralidade escocesa. Desse matrimônio houve ao menos seis filhos: Bernardo Peralta Vila Corte, Branca de Peralta Cordeiro, Gaspar Cordeiro de Peralta, José Cordeiro de Peralta, Mateus de Peralta de Azevedo e Pedro de Peralta da Fonseca. O filho Gaspar, que recebeu o mesmo nome do avô e do trisavô, casou-se em primeiras núpcias, por volta de 1680, com Juliana Barreto e em segundas núpcias, em 23 de novembro de 1694, na freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá, com Maria Pacheco dos Prazeres. É com este segundo casal que sigo na tentativa de encontrar descendentes vivos dos Peralta.
Gaspar Cordeiro de Peralta e Maria Pacheco tiveram ao menos quatro filhos: Antônio Pacheco Cordeiro, Francisco Pacheco Cordeiro de Peralta, João Pacheco Cordeiro de Peralta e José Pacheco de Peralta. Observe que nem todos seguiram com o sobrenome Cordeiro, mas todos seguiram com o Pacheco e o Peralta. É com essa pista que acredito ter encontrado um descendente do casal supracitado na vila de Angra dos Reis, sul da capitania do Rio de Janeiro. Esse descendente, o tenente João Pacheco de Peralta, deve ter nascido na virada do século XVIII para o XIX. Mediante pesquisa na base Sophia, do Museu da Justiça do Rio de Janeiro, encontrei o registro de um inventário de 1832 em que esse João fora inventariante de Ana Maria de Azevedo, que pode ter sido sua mãe ou esposa. A pesquisa nesse inventário, que está disponível para consulta no Museu da Justiça, poderá ajudar a esclarecer a filiação de João e sua provável ligação com os Pacheco de Peralta apresentados anteriormente.

De uma mulher parda de nome Brígida Maria do Espírito Santo, João teve ao menos quatro filhos – Agostinho Pacheco de Peralta, Bernardino Pacheco de Peralta, Manoela Maria da Conceição Pacheco de Peralta e Maria Rosa de Peralta. Manoela Maria casou-se em 6 de novembro de 1852 com José Nunes de Souza, com quem teve duas filhas, uma das quais em adulta chamava-se Ana Manoela de Souza e casou-se com Manoel Diógenes de Souza. Pela descendência deste último casal pude chegar a três irmãs – Vanessa, Vanja e Viviane – , nascidas da década de 1970, que poderão ser as descendentes vivas dos Peralta de quem também descendo. A leitura do inventário descrito antes e de outros três inventários que pude encontrar pelo banco de dados Sophia poderá esclarecer o parentesco entre nós.
José Araújo é genealogista.
1 comentário
Conclusão – Genealogia Prática · 25 de agosto de 2025 às 06:36
[…] texto anterior, apresentei a hipótese de que o cidadão João Pacheco de Peralta, que supus “ter nascido na […]
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