Queiroz e Moscatel afirmam que “é grande a probabilidade de todos os portugueses terem pelo menos um padre em sua árvore genealógica”, mas o que será que eles diriam de uma santa – ou quase?
O fato é que existe em minha árvore familiar uma segunda prima de terceiro grau chamada Maria Adelaide, nascida em Barcos, Tabuaço, em 21/02/1826, que recebeu a denominação de dona por ter alguma importância na sociedade local, como era costumeiro. Era filha do alferes – e nobre – José de Meneses Sá Almeida e de Dona Theresa Amália e foi casada com José do Nascimento Cabral.
Fazendo uma busca para tentar descobrir mais sobre a situação de sua família, na qual há outro personagem polêmico, encontrei uma página com a relação de barquenses ilustres e me deparei com a descrição de certa Maria Adelaide de Sá Meneses que faleceu sem filhos em 17/06/1878, com 51 anos, tendo ficado viúva por cerca de 20. Trinta e oito anos após seu sepultamento, seu corpo incorrupto foi encontrado por um parente de sobrenome Cabral.
Embora seu assento de óbito – exibido abaixo – informe que ela não recebeu os sacramentos antes de morrer, o povo conta que era uma mulher muito religiosa e que sofreu muito enquanto viva, especialmente com seu marido, que nem à missa a deixava ir.
Aqui a transcrição:
Aos 15 dias do mês de julho do ano de 1878, nesta freguesia de Barcos, concelho de Tabuaço, diocese de Lamego, na casa de número 140 da rua de cima da vila, às seis horas da tarde, faleceu sem receber os sacramentos da Santa Madre Igreja um indivíduo do sexo feminino por nome Maria Adelaide de Sá Meneses, de idade de 51 anos, casada com José Cabral do Nascimento Montes e profissão governo doméstico, natural desta freguesia, moradora na rua de cima da vila, filha legítima de José de Almeida de Sá e Meneses e Dona Theresa Amália Pinto Rebello, esta de Barcos, ele de Terrenho, já defuntos, a qual não fez testamento nem deixou filhos e foi sepultada em jazigo privado feito no cemitério público desta freguesia. E para constar se lavrou em duplicado este assento que assino. Era ut supra. – o abade Antonio Augusto Tavares
Seu corpo está exposto na capela de Santa Bárbara, junto ao cemitério, e diz-se que seu cabelo voltou a crescer após a morte, mas isso é contestado.
Embora não haja milagres atribuídos a ela e sua santidade não seja reconhecida pela Igreja, existe um culto à “Servinha Maria Adelaide” na região.
José Araújo é linguista e genealogista.
5 comentários
História – Genealogia Prática · 17 de maio de 2017 às 20:26
[…] Miguel, mas defendeu o país para sua sobrinha Adelaide, que não guardava muito bem sua fé, mas virou santa à revelia 32 anos depois de […]
Desafio – Genealogia Prática · 6 de junho de 2017 às 13:33
[…] com as forças leais a Pedro IV na guerra pelo liberalismo constitucionalista; e foi avô de dona Maria Adelaide de Sá Meneses (1826-1878), cujo cadáver incorrupto deu origem ao culto da ‘servinha’ na região de […]
Nobreza | Genealogia Prática · 5 de setembro de 2017 às 07:30
[…] Dona Maria Adelaide Sá Menezes faleceu na idade de 51 anos, sem receber os sacramentos, em 15 de julho de 1878, em Barcos, Tabuaço, Viseu. Reza a lenda local que seu corpo não apresentava sinais de decomposição mesmo 38 anos depois, o que teria originado um culto à sua santidade. […]
Genealogia Prática - Equívocos · 28 de novembro de 2017 às 14:38
[…] envolvia a descoberta das origens da família de Dona Maria Adelaide de Sá Menezes, que adquiriu a fama de santa 38 anos depois de […]
Genealogia Prática - Assassinato · 21 de fevereiro de 2019 às 20:22
[…] Ambos pertencem a um ramo bastante curioso de minha árvore no qual há médicos e até uma suposta santa – prima de António […]
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