Os assentos paroquiais nem sempre tiveram a mesma estrutura, como já informei em texto anterior sobre sua evolução desde o século XVI. Os assentos de óbito, por exemplo, já no século XVI podiam informar a data do óbito e o local de residência do falecido. Graças a essas informações, e de posse de mapas da época, podemos descobrir exata ou aproximadamente onde viviam nossos antepassados e, com muita sorte, podemos visitar o local onde viveram e conhecer as propriedades que pertenceram a eles.
O assento de óbito abaixo, de um primeiro primo de quarto grau (temos os mesmos tetravós), exemplifica uma estrutura comum nos assentos de minha árvore para a época e o local especificados. Nessa estrutura, informam-se apenas o número da casa, sem menção à rua, e a hora do óbito. A profissão do falecido – proprietário – também é informada, o que nos permite ter uma ideia de seu status social.
Aqui a transcrição:
Aos 12 dias do mês de dezembro do ano de 1868, nesta freguesia de Barcos, concelho de Tabuaço, diocese de Lamego, na casa de número 62 desta vila, às [] horas da tarde, faleceu tendo recebido todos os sacramentos da Santa Igreja um indivíduo do sexo masculino por nome Bernardo José Pinto, proprietário, de idade de 70 anos, de estado casado com Francisca Cabral, natural desta freguesia, morador na rua de [] da vila, filho legítimo de Pedro Cabral, natural de São João de Tarouca, de profissão proprietário, e de Maria da Silva, de profissão governo doméstico, natural desta freguesia, o qual fez testamento deixando filhos. Foi sepultada na igreja de Sabroso por não haver cemitério público. E para constar se lavrou em duplicado este assento que assino. Era ut supra. – o abade Antonio Augusto Tavares
O assento seguinte, do cunhado de um primeiro primo de quarto grau, informa também o nome da rua onde vivia o antepassado, o que nos permitiria, com auxílio de mapas da época, descobrir a localização da residência.
Aqui a transcrição:
Aos 14 dias do mês de setembro do ano de 1868, nesta freguesia de Barcos, concelho de Tabuaço, diocese de Lamego, na casa de número 49 da rua da [Cainha] desta vila, às 11 horas da manhã, faleceu, tendo recebido os sacramentos da Santa Igreja, um indivíduo do sexo masculino por nome Antonio Felix Cabral, proprietário, de idade de 80 anos, de estado viúvo de Felicidade do Espírito Santo, natural desta freguesia, morador na rua da Cainha, filho legítimo de Luiz Felix Cabral, natural desta freguesia, de profissão proprietário, e de Rosária Maria, natural da freguesia de Tabuaço, de profissão governo da casa, o qual não fez testamento, deixando filhos, e foi sepultado nesta igreja paroquial por não haver cemitério. E para constar se lavrou em duplicado este assento, que assino. Era ut supra. – o abade Antonio Augusto Tavares
Para avançar na pesquisa a partir de informações extraídas de assentos de óbito e descobrir a localização exata ou aproximada de um imóvel, poderíamos buscar mapas de época detalhados como os militares. Para isso, Queiroz e Moscatel recomendam o contato com o Instituto Geográfico do Exército. A busca e o envio do documento não são gratuitas, e o sucesso da pesquisa não é garantido, mas vale a pena a tentativa.
José Araújo é linguista e genealogista.
1 comentário
Barcos | Genealogia Prática · 12 de agosto de 2017 às 09:51
[…] muita informação além da que apresentei acima e de uma ou outra menção, principalmente em assentos de óbito, aos números das casas e aos nomes das ruas onde meus parentes haviam vivido. Embora esse tipo de […]
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