Cidades são entidades dinâmicas que nascem (são fundadas ou criadas), se desenvolvem e podem um dia deixar de existir, tornando-se cidades fantasmas, ou mesmo sendo absorvidas por outras, pelo que deixam de ser conhecidas pelo nome que um dia tiveram. Isso é um facto que precisa ser levado em consideração por quem começa a pesquisar suas origens familiares.
Ouvi certa vez de uma tia materna, antes de começar a pesquisar as origens de minha família, que meus avós eram naturais de Bananal. Por desconhecimento, supus que ela se referisse ao município paulista de Bananal, criado como freguesia em 26 de janeiro de 1811. O relato parecia fazer sentido, uma vez que meu avô materno era descrito como ‘pardo’, e Bananal ficava em uma região cafeicultora que certamente empregava mão de obra escrava.
Mas os documentos e textos que descobri mais tarde, um pouco por conta da sorte, contavam outra história: a família seria, sim, oriunda de Bananal, mas de Bananal de Itaguaí, no Rio de Janeiro. E essa Bananal fluminense, diferentemente da Bananal paulista, não mais existia. Ela havia sido desmembrada e parte dela se tornou o município de Seropédica.
Se eu tivesse procurado, no FamilySearch, documentos paroquiais ou civis relativos a Bananal de Itaguaí, não teria tido sucesso. Teria sido necessário fazer a mesma procura nos arquivos disponíveis no FamilySearch para a localidade de Seropédica. Foi exatamente o que fiz e como consegui recuperar parte da história de um ramo de meu costado materno.
Como nem sempre se pode contar com a sorte de encontrar documentos ou com a possibilidade de ouvir relatos de familiares, é reconfortante saber que existe uma ferramenta poderosa para a pesquisa por localidades onde começar a busca pelas origens familiares: o Cidades@. Trata-se de um sistema, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que agrega informações históricas, estatísticas, mapas e fotografias sobre os municípios e estados do Brasil.
Para pesquisar nessa base de dados, na ausência de outras informações sobre as origens familiares mais remotas, recomendo a seguinte estratégia:
- Procure – usando o campo de busca O que você procura – as informações disponíveis sobre o município de atual residência dos familiares mais próximos;
- Procure depois pelos municípios mais próximos do anterior e que tenham tido alguma projeção econômica ou estavam localizados nas margens de rodovias ou ferrovias importantes;
- Em ambos os casos, registre os nomes atuais das localidades e os nomes que elas possam ter tido em outros períodos históricos;
- Observe que municípios fronteiriços podem ter pertencido a diferentes estados em diferentes períodos históricos;
- Busque, no FamilySearch, a partir de cada um dos estados encontrados nas pesquisas anteriores e depois nas cidades desses estados, os registros paroquiais ou civis relativos aos períodos relevantes para seus parentes e antepassados.
José Araújo é linguista e genealogista.