Um dos produtos mais conhecidos da empresa FamilyTreeDNA é o teste de ancestralidade genética Family Finder, pelo qual é possível tanto descobrir a mescla etnogeográfica que foi herdada pelo sujeito testado como também encontrar antepassados em comum com outros testados de até cinco gerações para trás, o que em outros termos equivale à descoberta de parentes mais ou menos próximos.

O que eu chamo de mescla etnogeográfica (a ferramenta myOrigins) tem a ver com a identificação de onde hoje se encontram pessoas com as mesmas características genéticas do sujeito testado. A análise não é puramente geográfica e não tem a ver com nacionalidades como as conhecemos hoje, e sim com povos. Essa mescla é identificada por meio de percentuais desmembrados por áreas geográficas. No meu caso, a mescla geral é 66% de Europa, 20% de África, 6% de Oriente Médio e 5% de judeu sefardita.

myOrigins – FamilyTreeDNA

Alguns desses percentuais podem ainda ser desmembrados em percentuais por área. No meu caso são estes:

  • Europa: 43% Ibéria, 13% de Europa central e ocidental e 10% de Europa meridional
  • África: 18% de África ocidental e 2% de África centro-oriental
  • Oriente Médio: 6% de África setentrional

Meus n-avós paternos e provavelmente parte de meus n-avós maternos têm de origem portuguesa, portanto ibérica. A explicação para percentuais de Europa central e meridional talvez possa ser encontrada no fato de Portugal ter sido ocupado por diferentes povos além dos autóctones. A outra parte de meus n-avós maternos descende de africanos escravizados no Brasil, provavelmente oriundos de Angola, o que explica o percentual de África ocidental. Algum percentual de África setentrional é bastante frequente entre os ibéricos por conta da ocupação moura. Apenas o percentual de judeu é específico e precisaria ser comprovado por vias documentais.

A busca por antepassados em comum é feita por meio da ferramenta Matches, cuja primeira tela relaciona todos os outros testados com os quais pode existir algum grau de parentesco. Na captura abaixo, observa-se no destaque azul que a ferramenta identificou e nomeou 277 possíveis parentes para o testado – eu. Os primeiros nomes são de pessoas com quem tenho grau de parentesco mais próximo, ou seja, pai/filho; primo primeiro, tio/sobrinho; primo segundo a primo quarto e assim por diante.

Matches – FamilyTreeDNA

Em virtude de o DNA autossômico, avaliado no FamilyFinder, ser herdado tanto do pai quanto da mãe – 50% de cada – de forma variável mesmo entre irmãos germanos ou bilaterais (mesmos pai e mãe), os potenciais parentes podem estar tanto no lado materno do testado quanto no paterno. No exemplo acima, dois de meus primos de primeiro grau foram apresentados: “Pereira Belém” é primo pelo lado materno, enquanto “Bianco” é prima pelo lado paterno.

“Carmen” não é da família ainda, mas devemos ter ao menos um antepassado em comum entre nossos terceiros ou quartos avós. Como ela poderia ter alguma informação que auxiliasse na descoberta desse antepassado, entrei em contato por meio do recurso do envelope, destacado em verde na captura acima. Em sua resposta, ela revelou que sua família viveu na mesma cidade de meus antepassados maternos – Itaguaí. Essa informação nos permitirá orientar as pesquisas documentais para encontrar o antepassado comum.


José Araújo é linguista e genealogista.


José Araújo

Genealogista

1 comentário

Comuns – Genealogia Prática · 3 de fevereiro de 2020 às 09:12

[…] texto anterior, tratei do Family Finder, ferramenta oferecida pela empresa FamilyTreeDNA para revelação da […]

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