Apesar do sobrenome diferente dos de seus pais, Antônia Tavares de Oliveira (1614-1682) era filha de meus undecavós Duarte Nunes Sardinha e Maria da Cunha. O renomado genealogista Carlos Rheingantz informa, no Volume IV de sua obra Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, que Antônia casou-se por volta de 1650 com o capitão João Velho Prego. O mestre relaciona ao menos dois filhos para o casal: Madalena, batizada na Candelária em junho de 1650, sem descendência identificada; e João Velho Barreto, batizado na mesma igreja em março de 1653 e com descendência identificada.
Antônia e João foram proprietários de terras na cidade do Rio de Janeiro e arredores, como se comprova por pesquisa em registros de compra e venda no Banco de Dados da Estrutura Fundiária do Recôncavo da Guanabara, compilado pelo pesquisador Maurício Abreu. Um desses registros, de escritura de quitação de pagamento lavrada em janeiro de 1669, chama atenção por estar relacionado a um grande acidente geográfico da região. Segue sua transcrição:
Escritura de quitação que dão Antonia Tavares de Oliveira e seu filho João Velho Prego ao Sargento-mor Martim Correia Vasques – da quantia de 2.000 cruzados que ficara a dever a seu falecido marido, João Velho Prego, do resto da metade do engenho da ilha chamada do Governador, que lhe vendeu.
Essa grande ilha da Baía da Guanabara foi originalmente chamada de Paranapuã (de paranã, “mar” e apuã, “colina”) ou Ilha dos Maracajás, supostamente pela presença desses grandes felinos por lá. Seus primeiros ocupantes teriam sido os indígenas temiminós ou maracajás, dentre os quais se destacou Arariboia, batizado como Martim Afonso, que foi grande aliado dos portugueses na expulsão dos franceses do território.
Por sua riqueza de florestas e abundância de pau-brasil e de fontes de água, a Ilha dos Maracajás logo se tornou atraente para os exploradores europeus. Mais tarde seria a sede de engenhos como o de Antônia e João e hoje é um grande bairro da cidade do Rio de Janeiro, onde se localiza o aeroporto internacional Tom Jobim, mais conhecido como Galeão.
José Araújo é genealogista.
1 comentário
Fundações – Genealogia Prática · 3 de julho de 2022 às 16:21
[…] de Janeiro, que se constituiu inicialmente como uma base de operações para que os portugueses e os índios maracajás ou temiminós, seus aliados, obtivessem a vitória definitiva contra os franceses e os tamoios em […]
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