O conhecimento da História de um país fica muito mais rico quando se descobre que um antepassado teve participação em algum evento relevante. E a genealogia pode ajudar muito nesse enriquecimento. Veja o exemplo abaixo, extraído de minha árvore familiar.
Miguel era maquinador, carola, absolutista até a raiz dos cabelos, prendeu o pai João e foi exilado depois que o velho foi libertado com ajuda dos ingleses. Com a morte do pai, voltou a Portugal e quis tomar o trono, o que despertou a ira do irmão que lhe oferecera a sobrinha em casamento.
Pedro era impulsivo, libidinal, liberal até a segunda página (instituiu o poder moderador para não perder o controle dos outros três), fez a independência do Brasil e foi lutar em Portugal pelo direito da filha ao trono. Em temperamento, não em índole, saiu à mãe Carlota, mas era por ela preterido em favor do irmão Miguel.
No meio dessa barafunda, que resultou em uma guerra civil que durou de 1828 a 1834, apareceu um parente – Caetano Pinto Rebello, que nasceu em 1792 em Barcos, Tabuaço, Viseu, filho legítimo do médico José Pinto do Souto e de Bárbara Teresa Ribeiro. Ele serviu nos Açores quando Sua Majestade Imperial, o Duque de Bragança (D. Pedro I do Brasil), era o comandante em chefe do exército que tomaria o Porto com ajuda de mercenários franceses e ingleses e depois Lisboa com ajuda dos ingleses.
Seu nome é encontrado em diversos documentos, dentre os quais destaco a Lista Geral dos Oficiais do Exército Libertador, em cuja apresentação os tais oficiais são descritos como os “bravos oficiais do Exército Libertador, que desde os Açores, e em Portugal depois do desembarque nas praias de Mindelo, pugnaram pela Liberdade da Pátria, e a restauração do trono legítimo, até o memorável dia 25 de julho de 1833 […]”
Caetano foi a praça em 1826, a alferes para o Batalhão de Caçadores Nº5, em 4/04/1833 (Ordem do Dia 8), e a Tenente para Regimento de Infantaria Nº 10, em 24/07/1834 (Ordem do Dia 25), posto máximo que alcançou em sua carreira militar. Logo após o término da guerra, até onde pude apurar, casou-se com dona Maria Augusta Pinto, natural de São Miguel de Lobrigos, com quem teve oito filhos: Júlio, Camila, Camilo, Camilo, Ismênia, Maria Amália, Custódio e Maria Natividade.
Caetano não evitou que seu irmão, o Bacharel José Pinto Rebello de Carvalho, fosse exilado durante o mando do usurpador Miguel, mas defendeu o país para sua sobrinha Adelaide, que virou santa 32 anos depois de sepultada.
José Araújo é linguista e genealogista.
7 comentários
Fontes – Genealogia Prática · 23 de maio de 2017 às 20:04
[…] o irmão de José Pinto Rebello, o tenente Caetano Pinto Rebello, ao qual também já dediquei um texto aqui no […]
Desafio – Genealogia Prática · 6 de junho de 2017 às 13:33
[…] por resistir à causa absolutista de d. Miguel, irmão de Pedro IV (Pedro I do Brasil); foi pai do tenente Caetano Pinto Rebello (1792-1876), que serviu com as forças leais a Pedro IV na guerra pelo liberalismo […]
Poema – Genealogia Prática · 10 de agosto de 2017 às 06:49
[…] pesquisa genealógica, já mencionei os assentos paroquiais, as fotografias e cartas familiares, os registros militares, os periódicos e as cartas régias. Todas são consagradas, embora não exclusivas para esse tipo […]
Barcos | Genealogia Prática · 12 de agosto de 2017 às 09:51
[…] em que vivemos ha mezes, no fundo dos Pyrenneos”, ele escreve na página 32), durante a guerra civil (1832-1834) que pôs em lados opostos o liberal Pedro I e seu irmão absolutista Miguel, José […]
Google – Genealogia Prática · 22 de outubro de 2017 às 04:06
[…] e óbito; testamentos; cartas; jornais e revistas entre outros -, mas também pode recorrer a bases de dados criadas a partir das já citadas fontes primárias e mesmo a pesquisas genealógicas já […]
Genealogia Prática - Cunhada · 14 de janeiro de 2018 às 06:44
[…] do casamento com Antonia resultaram dois filhos: Maria Augusta, que depois se casaria com o Tenente Caetano Pinto Rebello e teria oito filhos, e Francisco, que faleceu com menos de dois anos de idade. Abaixo se pode esse […]
Genealogia Prática - Batalhas · 17 de fevereiro de 2018 às 08:01
[…] A carreira do Tenente Caetano Pinto Rebello (ca. 1792 – ca. 1876), meu primo de quarto grau, está documentada nos arquivos do Exército de Portugal. O que eu pude descobrir a respeito dele sem recorrer diretamente a essa instituição está registrado em outro texto. […]
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