Ao completar 67 anos, Silvino de Azeredo reuniu em sua casa, na Rua Capitão Chaves, nº 14, um grupo expressivo de pessoas amigas da Família Azeredo e que, ao mesmo tempo, representavam, naquela comemoração festiva, algumas das principais famílias da sociedade iguaçuana da época. A foto, de 17 de junho de 1926, mostra o grupo formado durante a festa, em que não aparece o aniversariante e sua esposa, D. Filhinha, mas que nos revela um pequeno regional, todos sentados, a nos informar que o que não faltou no aniversário de Silvino de Azeredo foi música e dança. No grupo então formado, em frente à residência do fundador do Correio da Lavoura, vemos, entre os que puderam ser identificados: Toné Pereira Belém…
CORREIO DA LAVOURA. Os 67 anos de Silvino de Azeredo. 20/03/2019.
Toné Pereira Belém era meu avô materno Enéas (1890-1970). Na época do evento, ele tinha 36 anos, já estava casado com minha avó Durvalina e tinha sete dos onze filhos que teriam ao todo. Sempre soube que Toné era a forma como o chamavam em casa, mas o texto publicado no jornal local informa que era também assim que o chamavam na sociedade de Nova Iguaçu, cidade onde viveu com sua numerosa família.
Uma vez que há raros registros fotográficos de meu avô, e os que existem são de quando ele já era mais maduro, a questão seria como identificá-lo na fotografia. Sei que meu avô não era músico e que era pardo, como informam as certidões disponíveis, portanto ele não estaria na primeira fileira à frente, onde se encontravam os membros do pequeno regional citado na nota que introduz este texto.
Podemos ignorar também a segunda fileira logo em seguida, onde se encontravam as mulheres do grupo festeiro. Os adultos jovens mais provavelmente identificáveis como pardos estariam à esquerda de quem observa, portanto os possíveis candidatos estariam na seção abaixo. Meu avô Toné seria um dos homens de chapéu que se encontram lado a lado na segunda fileira a partir de baixo.
Infelizmente, o jornalista responsável informou não ter o registro em melhor qualidade. Ainda assim, essa fotografia tem seu valor por ser um registro social – não familiar – de meu avô, e o texto que a acompanha sugere que meu avô recebia o mesmo tratamento familiar dentro e fora de casa, o que talvez signifique que era uma pessoa querida na cidade.
É com pistas assim que reconstruímos o que talvez não esteja registrado em textos e pode já ter sido esquecido pelos parentes mais idosos.
José Araújo é linguista e genealogista.