Aos três de fevereiro de mil setecentos e noventa e um, na capela de Belém, filial de Sacra Família, o [ver.] Antônio Ferreira Coelho batizou solenemente a Maria, que nasceu aos 24 de janeiro próximo passado, filha legítima de Francisco Gomes Pereira e de sua mulher Inácia Angélica de Moraes, foram padrinhos o Guarda Mor Geral Fernando Dias Paes Leme da Câmara e sua mulher D. Francisca Peregrina de Souza e Mello, desta freguesia.

Uma leitura realmente detalhada dos assentos paroquiais costuma trazer informações preciosas para o desenvolvimento das pesquisas genealógicas, e um dos detalhes relevantes nesses casos é o nome dos padrinhos de batismo e das testemunhas de casamento. No exemplo que abre este texto, destaco os nomes dos padrinhos de Maria Tereza da Paz (1791-1855), avó de meu bisavô João Pereira Belém.

Esses padrinhos eram casados, e o marido do casal foi Fidalgo da Casa Real, Guarda-Mor Geral das Minas, Alcaide-Mor da Bahia e Comendador da Ordem de Cristo. Considerando que minha tetravó descendia, por um ramo de sua árvore, da aristocracia rural fluminense, não é de surpreender que um casal importante da sociedade fosse convidado para apadrinhá-la.

Alvará de Fernando Dias Paes Leme da Câmara… – Fonte: Arquivo Público Mineiro

Mas a genealogia de seus padrinhos revelou algo mais: Fernando e Francisca Peregrina casaram-se em 1767. Ele era filho de Pedro Dias Paes Leme da Câmara (1705-1783) e de Francisca Joaquina Dorta Forjaz Pereira (?-1783). Era ainda neto de Garcia Rodrigues Paes (1650-1738) e bisneto de Fernão Dias Paes Leme (?-1681) e Maria Garcia Rodrigues Betim (?-1691). Maria Betim descendia do casal Garcia Rodrigues e Izabel Velho, que estavam entre os primeiros colonizadores da vila de São Vicente.

Os Garcia-Velho, como já afirmei em texto anterior, estão entre os antepassados mais remotos já encontrados para Maria Tereza da Paz. Sendo assim, seus padrinhos eram também seus primos afastados, algo que talvez nem fosse do conhecimento da geração de seus pais.


José Araújo é genealogista.