Persiste entre alguns genealogistas a ideia de que os testes genéticos não têm serventia de modo geral – ou em casos específicos, como na busca de antepassados sefarditas. É certo que os testes ainda não estão acessíveis a todos, que seus resultados variam de um laboratório para outro – e são de difícil interpretação – e que os bancos de dados dos laboratórios nem sempre têm boa abrangência de grupos étnicos relevantes, mas não se pode abrir mão dessa ferramenta na pesquisa genealógica quando ela puder ser explorada. Duas das circunstâncias em que os testes se revelam úteis são a pesquisa da composição étnica da pessoa testada e a descoberta de primos.

Os principais testes oferecem informações étnicas sob a forma de mapas interativos que destacam as regiões do mundo onde existem hoje grupos étnicos cuja assinatura genética é compatível com o DNA do cliente testado. Clientes brasileiros em geral têm esses mapas mais coloridos na área da Península Ibérica, da África central e das Américas central e do sul. Embora esses dados não tenham o detalhamento necessário para orientar uma posterior busca documental, eles sugerem, por exemplo, que a pessoa tenha antepassados emigrados de Portugal ou traficados da África e escravizados no Brasil em algum século recente.

Mapa de Ancestralidade Genética – FTDNA

A descoberta de primos é o recurso mais útil para o pesquisador que deseja evoluir na busca documental. As informações nesse caso são apresentadas sob a forma de tabelas contendo dados de outros clientes com quem o testado deve compartilhar um antepassado em séculos recentes. Um dos dados mais úteis nessas tabelas é a quantidade de centimorgans (cM) compartilhados com cada primo. Outro dado relevante é o maior segmento de DNA compartilhado. Visto que nem todos os laboratórios contam os cM da mesma forma, é útil levar em conta ambos os critérios. Qualquer quantidade maior que 20cM passa a ser importante, e 50 cM sugerem a existência de pentavô ou um hexavô em comum.

A existência de primos com muitos cM em comum é importante porque se pode descobrir quem são, entrar em contato com eles, eventualmente explorar suas árvores familiares ou perguntar se têm árvores desenvolvidas a partir das quais se possa descobrir a identidade do antepassado em comum. Com alguma sorte, é possível confirmar a identidade de antepassados ainda não documentados graças à pesquisa de um primo. Já encontrei primos dessa forma e, com ajuda deles, descobri o ramo da árvore que nos une e dessa forma validei uma análise complexa feita anteriormente.

Para saber mais sobre testes genéticos, recomendo a leitura desta obra.


José Araújo é genealogista.


José Araújo

Genealogista