Em o mesmo dia batizei Isabel, filha de João do Couto e de sua mulher Córdula Gomes. Foram padrinhos Miguel Gomes Bravo e dona Antônia. Teve os santos óleos.
A jovem Isabel, filha de João do Couto (de Carnide) e Córdula Gomes, nasceu no Rio de Janeiro, conforme assento transcrito acima e visto abaixo em imagem capturada do livro de batizados livres da Sé do Rio de Janeiro.
Os padrinhos da menina provavelmente foram seu avô materno Miguel e sua tia materna Antônia Pedrosa de Gouveia. Ambos descendiam – ele era filho ela, neta – do casal de cristãos-novos Rui Dias Bravo, português do Porto, e Antônia Rodrigues Sardinha, brasileira de Porto Seguro.
Antônia Sardinha era filha de Maria Fernandes e do cristão-novo Duarte Nunes, que foi denunciado ao visitador Heitor Furtado de Mendonça na Primeira Visitação do Santo Ofício à Bahia em 1591. Manoel dos Rios, segundo marido de Antônia, foi testemunha no casamento dos pais da menina Isabel.
Segundo o mestre Carlos Rheingantz (Tomo I, p. 188), Isabel se casou após 1640 com o pernambucano Jerônimo Barbalho Bezerra (1616-1661), Por liderar uma revolta fracassada contra o governador da capitania, entre 1660 e 1661, Jerônimo teve um fim trágico: foi decapitado para que servisse de exemplo a potenciais revoltosos.
Jerônimo era trineto de Diogo Fernandes Santiago e da hoje famosa Branca Dias (1515-1574), que foi presa pelo Santo Ofício em Portugal, e, depois de liberada, veio morar em Pernambuco, onde teve engenho e uma escola para moças da elite local. Branca seria depois denunciada por algumas de suas alunas e condenada por práticas judaizantes e por manter sinagoga em seu engenho de Camaragibe, sendo por isso queimada em efígie depois de morta.
O casamento de Isabel e Jerônimo, portanto, uniria duas famílias de cristãos-novos do Nordeste na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde deixaram descendência.
José Araújo é genealogista.
