Tive a oportunidade de acompanhar há dias uma discussão em um grupo do Facebook no qual uma cliente reclamava dos serviços prestados por uma genealogista. A reclamação dizia respeito a uma divergência relativa às entregas prometidas. Segundo a tal cliente, a genealogista havia concluído seu processo com sucesso e entregado a comprovação dessa conclusão, porém se recusava a entregar a documentação – um relatório genealógico – que teria propiciado a mesma conclusão.

Não pretendo aqui polemizar a situação nem analisar os méritos de uma ou outra parte, mas apenas aproveitar o caso para discutir um ponto crucial se desejarmos receber o justo reconhecimento – pela sociedade em geral – de nosso trabalho como genealogistas: a ética profissional.

De uma rápida consulta que fiz recentemente a genealogistas brasileiros conhecidos (leia aqui), resultou a conclusão de que a Genealogia está ainda hoje no patamar de um ofício, exercido por pessoas que o aprenderam na prática, durante muitos anos, e com auxílio de pares mais experientes.

Esses genealogistas não se consideram profissionais, embora tenham expectativas a respeito da remuneração justa por um trabalho bem executado e do respeito devido ao cliente que contrata esse tipo de trabalho. Esse respeito se configuraria em valores como a confidencialidade, a busca da verdade, o respeito, a cordialidade e a lealdade entre os pares.

Situações como a que descrevi na abertura deste texto demonstram que, na ausência de um código profissional que balize o trabalho do genealogista, é indispensável que se estabeleça um contrato entre o genealogista e o cliente que busca seus serviços. Esse contrato, além da declaração objetiva das entregas e da forma de remuneração, deveria informar – como uma declaração de boa-fé – os valores éticos seguidos pelo genealogista.


José Araújo é linguista e genealogista.


José Araújo

Genealogista