Em texto anterior, declarei que a Genealogia não tem ainda status de profissão nem para os órgãos oficiais nem para os que já têm décadas de prática e serviços prestados na área. Mas haveria reconhecimento dessa atividade pelos que poderiam dela se beneficiar como clientes?
Embora eu ainda não tenha conseguido responder essa pergunta, suspeito que haja uma resposta, e ela pode estar implícita nas respostas que recebi para duas perguntas de uma consulta que fiz com membros de grupos do Facebook dedicados ao assunto. As perguntas foram: (1) Se já contratou genealogista, como avalia o serviço prestado? e (2) Se contratou e avaliou como insatisfatório, qual a razão da avaliação?.
Dos 55 respondentes da primeira pergunta, a maioria (47) afirmou que nunca contratou um genealogista. Dos oito que afirmaram ter contratado, sete avaliaram o serviço prestado como satisfatório e um como insatisfatório. Em resposta à segunda pergunta, em que mais de uma opção poderia ser marcada, quatro razões foram apresentadas: custo elevado, relatório incompleto, alcance limitado (poucas gerações) e espera longa.
Não se trata de uma pesquisa científica, portanto não espero comprovar hipóteses, porém as respostas não podem ser desprezadas como insignificantes. E o principal significado que extraio delas é que, embora os respondentes participassem de grupos dedicados ao assunto em que havia genealogistas conhecidos, poucos parecem ter buscado os serviços prestados por eles.
Em retrospecto, reconheço que tenha faltado uma pergunta: (3) Se não contratou, qual a razão? Suspeito que eu esperasse uma procura maior pelos serviços ‘profissionais’, e que isso possa ter resultado na ausência da pergunta. Sem ela, torna-se difícil explicar uma procura tão baixa.
Difícil, mas não impossível. Suspeito que a expectativa de custos elevados e de demora na entrega de resultados, aliada ao desconhecimento de onde encontrar ‘profissionais’ confiáveis, possa explicar a baixa procura pelos que prestam serviços na área.
A se confirmarem essas suspeitas, evidencia-se a necessidade de reconhecimento da atividade como profissão, o que exigirá a criação de uma entidade que reúna os profissionais, estabeleça padrões e códigos para o exercício da atividade, proponha uma tabela para remuneração adequada dos serviços, ofereça espaço para que seus associados divulguem seus serviços e, em última instância, defenda seus interesses.
José Araújo é linguista e genealogista.