Levirato ou levirado – de levir, cunhado em latim – é o nome que se dá ao casamento celebrado entre um homem e a viúva de um de seus irmãos que não deixou descendente do sexo masculino. Trata-se de um costume citado já no Velho Testamento e consta que ainda seja praticado em algumas comunidades da Ásia.
O exemplo que apresento, extraído de minha árvore, não é um casamento levirato, como você poderá constatar pela leitura do assento de casamento transcrito abaixo, mas não deixa de ter sua curiosidade.
Luis Maria do Nascimento, do lugar de Santa Marta, viúvo que ficou de Maria Benedicta, filho legítimo de José Bento, do reino da Galícia, e sua mulher Maria Theresa, do lugar de Santiago de Fontes, isento de multa, neto paterno de João Antonio Gonçalves e de Maria Gonçalves, do reino da Galícia, feitas as denunciações e [] do breve pontifício em que foram dispensados por ser casado com a irmã da [esposa] abaixo declarada e da [], se receberam com Antonia Rosa, filha legítima de Antonio José Coelho e de sua mulher Ana Joaquina da vila de Santa Marta desta freguesia, neta paterna de Manoel Coelho e de Isabel Maria da mesma vila, e pela parte materna de Manoel Pereira Valente e sua mulher Thereza Angelica, ambos da freguesia de Tarouca, do bispado de Lamego, se receberam, digo, com palavras de presente em 13 de junho de 1819 em minha presença e das testemunhas que [houve muitas] e Francisco Antonio de São Miguel de Lobrigos e o reverendo padre José de Aquino, que para constar fiz este dia mês e ano ut supra.
A partir dessa e de outras fontes pesquisadas, descobri que Luis casou-se com Maria Benedicta em 25 de fevereiro de 1811, enviuvou e casou-se com a irmã dela, Antonia Rosa, em 13 de junho de 1819. No breve período em que foram casados, Luis e Maria parecem não ter tido filhos, pois não foram encontrados assentos de batismo relacionados ao casal. O assento de óbito de Maria Benedicta também não foi encontrado, o que pode significar que ela faleceu em outra paróquia.
Já do casamento com Antonia resultaram dois filhos: Maria Augusta, que depois se casaria com o Tenente Caetano Pinto Rebello e teria oito filhos, e Francisco, que faleceu com menos de dois anos de idade. Abaixo se pode esse ramo da árvore reconstruído a partir das provas documentais.
Além da curiosidade, o caso aqui descrito demonstra a necessidade da busca de todos os registros disponíveis para a correta elaboração da árvore familiar e narração da história da família.
José Araújo é linguista e genealogista.