O conhecimento da História de um país fica muito mais rico quando se descobre que um antepassado teve participação em algum evento relevante. E a genealogia pode ajudar muito nesse enriquecimento. Veja o exemplo abaixo, extraído de minha árvore familiar.

Miguel era maquinador, carola, absolutista até a raiz dos cabelos, prendeu o pai João e foi exilado depois que o velho foi libertado com ajuda dos ingleses. Com a morte do pai, voltou a Portugal e quis tomar o trono, o que despertou a ira do irmão que lhe oferecera a sobrinha em casamento.

Dom Miguel – Stöber/Ender (1827)

Pedro era impulsivo, libidinal, liberal até a segunda página (instituiu o poder moderador para não perder o controle dos outros três), fez a independência do Brasil e foi lutar em Portugal pelo direito da filha ao trono. Em temperamento, não em índole, saiu à mãe Carlota, mas era por ela preterido em favor do irmão Miguel.

Dom Pedro em 1830 por Henri Grevedon

No meio dessa barafunda, que resultou em uma guerra civil que durou de 1828 a 1834, apareceu um parente – Caetano Pinto Rebello, que nasceu em 1792 em Barcos, Tabuaço, Viseu, filho legítimo do médico José Pinto do Souto e de Bárbara Teresa Ribeiro. Ele serviu nos Açores quando Sua Majestade Imperial, o Duque de Bragança (D. Pedro I do Brasil), era o comandante em chefe do exército que tomaria o Porto com ajuda de mercenários franceses e ingleses e depois Lisboa com ajuda dos ingleses.

Seu nome é encontrado em diversos documentos, dentre os quais destaco a Lista Geral dos Oficiais do Exército Libertador, em cuja apresentação os tais oficiais são descritos como os “bravos oficiais do Exército Libertador, que desde os Açores, e em Portugal depois do desembarque nas praias de Mindelo, pugnaram pela Liberdade da Pátria, e a restauração do trono legítimo, até o memorável dia 25 de julho de 1833 […]”

Caetano foi a praça em 1826, a alferes para o Batalhão de Caçadores Nº5, em 4/04/1833 (Ordem do Dia 8), e a Tenente para Regimento de Infantaria Nº 10, em 24/07/1834 (Ordem do Dia 25), posto máximo que alcançou em sua carreira militar. Logo após o término da guerra, até onde pude apurar, casou-se com dona Maria Augusta Pinto, natural de São Miguel de Lobrigos, com quem teve oito filhos: Júlio, Camila, Camilo, Camilo, Ismênia, Maria Amália, Custódio e Maria Natividade.

Caetano não evitou que seu irmão, o Bacharel José Pinto Rebello de Carvalho, fosse exilado durante o mando do usurpador Miguel, mas defendeu o país para sua sobrinha Adelaide, que virou santa 32 anos depois de sepultada.


José Araújo é linguista e genealogista.


José Araújo

Genealogista

7 comentários

Fontes – Genealogia Prática · 23 de maio de 2017 às 20:04

[…] o irmão de José Pinto Rebello, o tenente Caetano Pinto Rebello, ao qual também já dediquei um texto aqui no […]

Desafio – Genealogia Prática · 6 de junho de 2017 às 13:33

[…] por resistir à causa absolutista de d. Miguel, irmão de Pedro IV (Pedro I do Brasil); foi pai do tenente Caetano Pinto Rebello (1792-1876), que serviu com as forças leais a Pedro IV na guerra pelo liberalismo […]

Poema – Genealogia Prática · 10 de agosto de 2017 às 06:49

[…] pesquisa genealógica, já mencionei os assentos paroquiais, as fotografias e cartas familiares, os registros militares, os periódicos e as cartas régias. Todas são consagradas, embora não exclusivas para esse tipo […]

Barcos | Genealogia Prática · 12 de agosto de 2017 às 09:51

[…] em que vivemos ha mezes, no fundo dos Pyrenneos”, ele escreve na página 32), durante a guerra civil (1832-1834) que pôs em lados opostos o liberal Pedro I e seu irmão absolutista Miguel, José […]

Google – Genealogia Prática · 22 de outubro de 2017 às 04:06

[…] e óbito; testamentos; cartas; jornais e revistas entre outros -, mas também pode recorrer a bases de dados criadas a partir das já citadas fontes primárias e mesmo a pesquisas genealógicas já […]

Genealogia Prática - Cunhada · 14 de janeiro de 2018 às 06:44

[…] do casamento com Antonia resultaram dois filhos: Maria Augusta, que depois se casaria com o Tenente Caetano Pinto Rebello e teria oito filhos, e Francisco, que faleceu com menos de dois anos de idade. Abaixo se pode esse […]

Genealogia Prática - Batalhas · 17 de fevereiro de 2018 às 08:01

[…] A carreira do Tenente Caetano Pinto Rebello (ca. 1792 – ca. 1876), meu primo de quarto grau, está documentada nos arquivos do Exército de Portugal. O que eu pude descobrir a respeito dele sem recorrer diretamente a essa instituição está registrado em outro texto. […]

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