Tenho estudado a descendência do cristão-novo Duarte Nunes faz algum tempo. Por depoimentos prestados ao visitador Heitor Furtado de Mendonça, na primeira visitação do Santo Ofício à Bahia, sabe-se que ao menos ele, seu filho Domingos Nunes (Sardinha) e seu genro Pero Neto viviam em Porto Seguro nos idos de 1580 quando se envolveram em atritos com o pároco local. Na década seguinte, esses três personagens – e certamente outros parentes – já se encontravam no Rio de Janeiro, onde não apenas conseguiram terras, mas também tiveram grande descendência, a qual ficou livre de problemas com a Igreja durante bastante tempo. Muito do que pude descobrir sobre Duarte foi resultado da análise tanto dos depoimentos prestados ao visitador, quanto de registros paroquiais e de terras, de obras de grandes genealogistas como Rheingantz e Belchior e, finalmente, da observação dos usos e costumes dos cristãos-novos portugueses, tais como os casamentos endogâmicos e a escolha de nomes de batismo dos filhos em homenagem a avós e tios.

Parte importante de minhas conclusões tem relação com as informações levantadas pelo falecido cientista Mauricio de Almeida Abreu (1948-2011) em seus estudos sobre a evolução urbana da cidade do Rio de Janeiro. Algumas dessas informações foram compiladas no Banco de Dados da Estrutura Fundiária do Recôncavo da Guanabara Sécs. XVII e XVIII, disponível no sítio desse pesquisador. Outras informações, não disponíveis no banco de dados, foram gentilmente cedidas pelo confrade Fernando Secomandi, que pesquisou o acervo de Mauricio na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Uma informação das pesquisas de Mauricio que recebi recentemente de Fernando trouxe mais elementos para a análise que compartilho aqui.

Essa informação diz respeito à filiação de Maria da Cunha, mulher de Domingos Nunes Sardinha, portanto nora de Duarte Nunes. Acredito que Maria e Domingos tenham se casado por volta de 1590, quando a família deste já havia se estabelecido no Rio de Janeiro. Mas o casamento com Domingos parece ter ocorrido na sequência do rompimento de uma promessa de casamento com outro homem, pois, em 9 de junho de 1588, João de Bastos e Maria de Oliveira, pais de Maria da Cunha, haviam registrado no cartório do 1º Ofício da cidade uma escritura de dote para que sua filha se casasse com o cidadão Manoel de Castilho, como se lê a seguir:

Escritura de dote de casamento que fazem João de Basto e sua mulher Maria de Oliveira a Manoel de Castilho para casar com sua filha Maria da Cunha – além de outros bens, doam “em a vargem de Nossa Senhora, a metade das casas em que ele[s] pousava[m], para a parte de Pero da Costa, que é para a parte da Camarara (sic), até entestar com o dito Pero da Costa, e o comprimento do quintal até entestar com o chão de João Lopes [Pinto], com os largos da dita a metade das ditas casas, e assim mais lhe dava[m] a metade do chão que tinha[m] junto do Mosteiro de Jesus, para a parte do dito Mosteiro, e assim mais lhe dava[m] um chão que tinha a dita sua filha em a cabeceira do chão de Aires Fernandes, entre a casa de Pacheco e a ladeira, e assim mais lhe dava[m] a metade de suas terras que tinha[m] em Jorisenogua …..” [Escritura do 1º Ofício].

Sabemos que Maria da Cunha se casou com o filho de Duarte Nunes e que Manoel de Castilho se casou com outra mulher, com quem teve descendência. As possíveis razões para que o casamento com Manoel não tenha ocorrido são discutidas em outro texto. Aqui, no entanto, interessa conhecer a família de Maria da Cunha, cujo sobrenome logo percebemos ser distinto dos de seus pais, os portugueses João de Bastos (também encontrado como João de Basto) e Maria de Oliveira. Embora tenham sido moradores antigos na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, pouco se saberá sobre suas origens a partir da leitura de obras de grandes genealogistas do passado e, do que se sabe, existe mesmo incerteza quanto à naturalidade de Maria de Oliveira, pois enquanto Belchior afirma que Maria era natural de Viana do Minho:

Bastos, João de: Escrivão da Câmara da cidade do Rio de Janeiro em exercício no ano de 1583. Saiu eleito oficial nas vereações de 1585, 1591 e 1592. Na qualidade de procurador da fazenda, interveio no processo de demarcação e medição da Fazenda de Santa Cruz, requeridas pela Companhia de Jesus em 1596. Aos 28 de fevereiro de 1592 assinou a carta de doação da ermida de Santa Luzia aos religiosos franciscanos. Este morador do Rio de Janeiro seria, provavelmente, o João de Bastos mencionado por Pedro Taques em sua nobiliarquia, casado com Maria de Oliveira ambos naturais de Viana do Minho. Teria, então, falecido antes de 1603, pois o governador da cidade em 29 de novembro deste ano, concedeu por sesmaria “as augoas q. pidio Maria d’Oliveira dona viúva que foi de João de Bastos, q. estão em Jerisinõga [Gericinó] termo desta cidade” _ Belchior, Elysio de Oliveira. Conquistadores e povoadores do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro : Brasiliana, 1965, p. 82.

A própria Maria, em seus depoimentos no processo de canonização do padre José de Anchieta (1534-1597), declarava outra origem:

32-Maria de Oliveira (ouvida a 2 de maio de 1622), viúva de João de Basto, natural de Lisboa, com cerca de 60 anos de idade, filha de Martim Afonso e de Antonia de Oliveira, já falecidos. Já passava de 30 anos que conhecera ao Padre Anchieta, e o conhecera por espaço de 12 anos. Estando ela prenhe, e indo seu marido João de Basto daqui para fora, em companhia do Padre José e do compadre dela, Aires Fernandes, para Magé, seis léguas desta cidade. Anchieta, antes de celebrar a missa, e instado que rezasse pelo bom sucesso do parto, comunicara a eles que fora feliz o parto. […] 26 – Maria de Oliveira (ouvida a 22 de junho de 1627), natural de Lisboa, com cerca de 65 anos de idade, filha de Martim Afonso e de Antônia de Oliveira. Era viúva de João de Basto. (Já dera seu testemunho em 1620).

Se mesmo uma evidência que talvez respalde a tese de Maria ser natural de Viana pode não resolver a polêmica, ao menos sua filiação em Martim Afonso e Antônia de Oliveira parece pacificada. Uma evidência em favor dessa pacificação está na observação de que a família seguia o costume da época de transmitir aos filhos nomes de seus avós. Assim foi que uma das filhas de Maria recebeu o nome completo da avó materna Antônia de Oliveira. Foi essa a filha que se casou com o Sargento-Mor João Barbosa Calheiros, como atestamos na obra do mestre Carlos Rheingantz (Tomo I, p. 193):

JOÃO BARBOSA, n. por volta de 1586 e fal., casado por volta de 1606 com Antônia de Oliveira. Pais de: I-1 . Antônio, n. no Rio (Se 1º,7) bat. a 29.12.1616.

E ainda corroboramos na leitura do livro de Tombos das Cartas de Sesmarias do Rio de Janeiro (p. xvi):

Maria de Oliveira, viúva de João de Bastos, e sogra do Sargento-mor João Barbosa, pede as águas que ficam nas terras dadas por Salvador Correia de Sá, isto é, o Outeiro de Jorissinonga (p. 204). Aqui encontramos a explicação do fato de João de Bastos não ter sido reconduzido ao cargo de Provedor da Fazenda para o qual fôra nomeado, por três anos, por alvará de mercê de D. Felipe II, com a data de 16 de março de 1593: provavelmente por motivo de doença ou morte e não por incapacidade, como opina Serrão […].

Essa Antônia de Oliveira (neta) foi uma das quatro filhas de João e Maria. Suas irmãs devidamente identificadas, todas casadas no Rio de Janeiro, foram:

  1. Ana da Cunha, mulher do licenciado João Lopes Pinto;
  2. Maria da Cunha, mulher do cristão-novo Domingos Nunes Sardinha e;
  3. Francisca da Cunha, mulher de Lourenço de Sampaio.

A herança do nome da avó materna parece justificar a discrepância do sobrenome de Antônia em relação ao de suas irmãs. Essa herança, lembremos, tinha relação com o costume de dar ao primogênito o nome do avô paterno; à primeira filha, o da avó paterna; ao segundo filho, o do avô materno; à segunda filha, o da avó materna; e aos filhos seguintes, os de tios paternos e maternos em sequência. Segundo essa lógica de nomeação, Antônia de Oliveira (neta) não seria a primeira filha de João de Bastos. Talvez fosse a segunda ou, na ausência de filhos homens, a última filha.

Esse costume parece ter alcançado a descendência direta de Maria da Cunha, minha antepassada, que teve quatro filhos com Domingos Nunes Sardinha, a saber:

  1. Maria da Cunha, casada com Antônio do Lago Prego;
  2. Duarte Nunes da Cunha, talvez ordenado padre;
  3. Domingos da Cunha, primeiro marido de Ana da Costa, filha do cristão-novo Manoel Caldeira e;
  4. Antônia Tavares de Oliveira – que provavelmente recebeu nome e sobrenome em homenagem à tia materna – , mulher do capitão João Velho Prego (ou Velho Barreto).

O sobrenome Oliveira, pelo que observamos, seria oriundo da família da mulher de João de Bastos. Já o sobrenome Tavares, encontrado em duas netas – Maria Tavares, filha de Francisca da Cunha e Lourenço de Sampaio; e Antônia Tavares de Oliveira, filha de Maria da Cunha e Domingos Nunes Sardinha -, este talvez tenha origem na família de João. E pode ser essa também a origem do prevalente sobrenome Cunha, encontrado na maior parte das filhas, netos e netas do casal.

São suposições baseadas em alguma lógica, mas é surpreendente que nenhuma informação concreta exista sobre a ascendência de João de Bastos, afinal ele foi uma pessoa importante em sua época. Supostamente, ele seria Cunha – Tavares – de Bastos. Como não se sabe por qual ramo ascendente seu viria cada um desses sobrenomes, talvez possamos encontrar no mencionado costume de nomeação dos filhos alguma pista sobre quem teriam sido seus pais. Para tanto, farei um exercício baseado em hipóteses fundamentadas no que se sabe sobre essas pessoas e nos costumes de sua época, portanto alerto que não se considerem as conclusões seguintes como factos.

Não sabemos ainda se João de Bastos teve filhos do sexo masculino, e o documento transcrito abaixo, encontrado pelo pesquisador Mauricio de Almeida Abreu e fornecido recentemente pelo confrade Fernando, não esclarece a questão, pois informa que João de Bastos e Gonçalo de Aguiar tinham “mulheres e filhos”, termo talvez empregado no plural genérico.

João de Basto e Gonçalo de Aguiar – 6/6/1569 – Dizem que têm mulheres e filhos mas não possuem terras para fazer suas fazendas. Pedem uma légua de terras sitas na cabeceira de André de Leão e de Baltazar de Siqueira, onde chamam a tapera de Taitimana e a tapera da Pabuna, onde eles acabarem, correndo para o outeiro de Jerissinonga, as quais terras, para uma banda como para outra, e sendo dadas que corram adiante, tanto pela terra dentro como eles têm de testada pelo dito outeiro. Pedem também, para ajuda do casamento de duas filhas, o outeiro de Joreinonga, com todas as águas que tiver, e légua e meia pela terra chã, começando a medir do dito pé do outeiro por os campos, tanto para uma parte como para a outra, ficando-lhe, outrossim, também o dito outeiro. Governador Salvador Correia de Sá doa a João de Basto o outeiro que pede, com meia légua de terras pela fralda dele, e a Gonçalo de Aguiar meia légua de terra em redondo na fralda do outeiro, com suas águas (AN, Caixa 1146, Nº 13, Galeria A, f. 15).

Embora o documento ateste também a existência de filhas, é possível que o termo se refira tanto às de Gonçalo quanto às de João. E ainda temos a circunstância de que teriam de ser filhas em idade de casar, o que na época significava que elas teriam entre 14 e 20 anos, aproximadamente. Sabemos que Antônia de Oliveira, por ter recebido o nome de sua avó materna, não foi a filha mais velha de João de Bastos. Rheingantz acredita que ela tenha se casado com João Barbosa em 1606, mas dá ao casal apenas o filho Antônio, nascido dez anos depois. O casal pode ter tido outros filhos, mas não há registros que comprovem isso. De qualquer forma, os improváveis dez anos decorridos entre a suposta data de casamento e de nascimento do filho nos recomendam cautela. Se esse intervalo foi real, Antônia teria nascido entre 1586 e 1592. Se, por outro lado, o casamento ocorreu pouco antes do batismo do filho, ela teria nascido entre 1595 e 1601. Teríamos um longo intervalo de 15 anos – 1586-1601 – dentro do qual ela teria nascido.

Em seu primeiro depoimento no processo Anchietano, em maio de 1622, Maria de Oliveira declara ter “cerca de 60 anos de idade”. No segundo depoimento, cinco anos depois, declara que teria “cerca de 65 anos de idade”. Isso sugere que ela tenha nascido em 1562, mas provavelmente nasceu antes, se levarmos a sério o uso do “cerca de”. Nesse cenário, ela poderia ter tido sua primeira filha com João de Bastos a partir de 1574, mas isso nos põe diante de um problema, pois, segundo o documento supra em que João de Basto e Gonçalo de Aguiar pedem terras, a justificativa era que as terras seriam “para ajuda do casamento de duas filhas” que teriam de ter idade para casar em 1569. Disso resulta que ou as filhas casadouras eram apenas as de Gonçalo de Aguiar, o que o texto não parece sugerir; ou João se antecipou bastante e pediu terras quando ainda não tinha filhas em idade para casar, o que pode ser improvável; ou Maria de Oliveira teria errado sua idade no depoimento e seu nascimento poderia ter ocorrido antes de 1560. Como preciso escolher a explicação menos improvável, sigo com a última, estimando que Maria possa ter nascido perto de 1540, pois assim teria idade para ter ao menos uma filha nascida em 1554 e que seria casadoura com 14 anos em 1569.

O problema agora é estimar se Maria de Oliveira poderia ter tido sua segunda / última filha Antônia de Oliveira (neta) aos 61 anos (1601) ou aos 46 anos (1586). Creio que esta última data seja mais plausível. Sendo Antônia, então, a provável filha temporã de João de Bastos, as datas de nascimento de suas irmãs, cujos nomes podem oferecer boas pistas para a filiação de seu pai, são automaticamente transferidas para as décadas anteriores. E ao menos uma delas já teria idade para se casar em 1569, segundo o pedido de terras para dote dessa época. Essa filha pode ter nascido a partir de 1554, quando a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ainda não havia sido fundada, então estamos falando de uma filha nascida quando João de Bastos e Maria de Oliveira ainda viviam em Portugal.

De Maria da Cunha, minha antepassada, sabemos que estaria prometida a Manoel de Castilho por volta de 1588, pois em 9 de junho desse ano seus pais passaram a tal escritura de dote para o casamento que não se realizou. Se Maria tinha idade para se casar em 1588, ela teria nascido entre 1568 e 1574, portanto também não teríamos nela a primeira filha casadoura de João de Bastos em 1569, pelo que precisamos decidir entre Francisca e Ana.

Rheingantz (Tomo II, p. 442) estima que Ana da Cunha tenha nascido em 1566 e casado com o licenciado João Lopes Pinto por volta de 1585. Esse casal teve quatro filhos: Bento de Oliveira (nascido por volta de 1587), Bartolomeu de Oliveira (nascido por volta de 1590), Vicência Tavares (nascida por volta de 1593) e Milícia de Oliveira (nascida por volta de 1595). Considerando esse cenário, estimamos o nascimento de Ana perto de 1573, o que também a elimina como candidata a filha casadoura em 1569.

Francisca da Cunha, enfim, casou-se com Lourenço de Sampaio e foram identificados quatro filhos para o casal, dos quais apenas aquele batizado como Francisco tem ano de nascimento conhecido: 1618. A filha Maria Tavares foi identificada no assento de batismo da sobrinha Prudência, em 1625, como “moça donzela, filha de Lourenço de Sampaio”, sugerindo que, naquele momento, ela já tivesse passado da idade para casar, pelo que suponho que tivesse já mais de 20 anos, com nascimento estimado em 1600.

Batismo de Prudência da Cunha de Mariz

Imaginando que os dois filhos restantes – batizados como Antônio e Paula – tenham nascido entre 1601 e 1618, Francisca da Cunha deve ter casado entre 1590 e 1599, o que também a inviabiliza como a filha casadoura em 1569, pois provavelmente nasceu perto desta data.

Concluído o exercício, teríamos a seguinte ordem suposta de nascimento das filhas conhecidas de João de Bastos de Maria de Oliveira:

  1. Maria da Cunha – nascida entre 1565 e 1568, quando sua mãe Maria de Oliveira teria entre 24 e 28 anos
  2. Ana da Cunha – nascida perto de 1573, quando Maria de Oliveira teria 32 anos
  3. Antônia de Oliveira – nascida em 1585 ou 1586, quando Maria de Oliveira teria 45 ou 46 anos
  4. Francisca da Cunha – nascida após 1586, quando Maria de Oliveira já estaria perto dos 50 anos

Pelo exposto, e como nenhuma das filhas conhecidas satisfaz o critério de idade mínima para casar em 1569, suponho que João de Bastos e Maria de Oliveira tenham tido uma quinta filha, nascida entre 1554 e 1564, ainda não identificada. Essa suspeita não nos permite fazer afirmações sobre a identidade da mãe de João de Bastos, mas, imaginando que ele fosse de Basto(s) por seu ramo paterno, podemos elaborar os cenários possíveis, que seguem guiando a busca pela filiação desse personagem:

  1. João de Bastos, filho de ? de Bastos e de ? da Cunha
  2. João de Bastos, filho de ? de Bastos e de ? Tavares

E já que estamos nesse universo de suposições, quero retomar para o exercício um trecho do depoimento de Maria da Cunha em maio de 1622 no qual ela afirma que:

Já passava de 30 anos que conhecera ao Padre Anchieta, e o conhecera por espaço de 12 anos. Estando ela prenhe, e indo seu marido João de Basto daqui para fora, em companhia do Padre José e do compadre dela, Aires Fernandes, para Magé, seis léguas desta cidade. Anchieta, antes de celebrar a missa, e instado que rezasse pelo bom sucesso do parto, comunicara a eles que fora feliz o parto.

Visto que ela afirma ter conhecido Anchieta há mais de 30 anos contados desde 1622, isso nos dá um período aproximável entre 40 anos no máximo (1582) e 30 anos no mínimo (1592). Sabemos que Anchieta dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro entre 1570 e 1573, quando deve ter passado mais tempo na cidade, e faleceu em Reritiba, Espírito Santo, em 1597, estando por lá já dois anos. Maria afirma que conheceu o padre por 12 anos, o que significa que deve ter tido com ele contato mais amiúde. Considerando esse cenário, podemos supor que essa convivência tenha ocorrido no período mais próximo à data em que Anchieta assumiu a direção do colégio no Morro do Castelo, ou seja, 1570.

Se o exercício está correto, Maria de Oliveira estaria grávida de Ana da Cunha quando se deu o milagre em que João de Bastos, estando fora da cidade com Anchieta, teve deste uma revelação sobre o feliz parto de sua mulher.


José Araújo é genealogista.