Sou um entusiasta dos testes de genealogia genética, tenho vários textos sobre o assunto publicados aqui no blog e escrevi um e-book bem introdutório sobre o assunto. Ao dizer isso, eu preciso explicar um pouco mais, pois posso passar a ideia equivocada de que os testes são uma solução para todos os problemas genealógicos. Eles não são. A primeira estratégia deve sempre ser a busca incansável por documentos, sejam eles certidões, assentos paroquiais, inventários, passaportes ou registros de desembarque. Na falta deles, pode-se recorrer a obras de genealogia reconhecidas como a Genealogia Paulistana ou mesmo a notícias de jornal.

Os testes se tornam uma estratégia interessante quando se avançou um pouco mais na parte documental – digamos até os tetra ou pentavós -, pois é quando as coincidências com outras pessoas testadas (matches), que têm árvores igualmente desenvolvidas, se tornam informativas. E é importante extrair os dados brutos do sítio do laboratório com o qual se fez o teste para subi-los em plataformas como o GEDmatch, por exemplo, onde pessoas de todo o mundo, testadas em diversos laboratórios, expõem seus resultados à busca de matches. É, enfim, da interação entre a pesquisa documental e os testes genéticos que extraímos informações realmente úteis sobre nossos ascendentes.

Mas existe um outro aspecto a considerar: é importante testar outros membros da família próxima – pais, avós, tios, primos de primeiro e segundo graus, por exemplo -, pois eles podem ter herdado de nossos antepassados em comum uma carga genética diversa da que nós herdamos, e talvez seja pelos resultados deles que descubramos algo interessante sobre esses antepassados. No texto anterior exponho essa situação ao tratar do resultado do teste de uma prima de primeiro grau, que vou identificar aqui como RC.

O teste de RC foi realizado pelo laboratório Genera, e os dados brutos foram importados no MyHeritage. Algum tempo depois, o MyHeritage informou que sua tecnologia proprietária Theory of Family Relativity™ havia chegado a uma teoria pela qual explicaria o match de RC com outro usuário. A vantagem desse achado está no facto de que a tecnologia exibia, lado a lado, os ramos das árvores de RC e de seu match, o que me permitiu descobrir quem seriam nossos antepassados em comum.

Theory of Family Relativity™ – MyHeritage

Esse achado não só nos apresentou mais um conjunto de primos em potencial como também nos assegurou mais uma vez que descendemos de vários ramos familiares apresentados na já citada Genealogia Paulistana.

A mensagem, portanto, é:

  1. esgote suas possibilidades na busca documental, assegurando-se de chegar ao menos até quinta geração de ascendentes antes de fazer um teste genético;
  2. busque outros parentes próximos para serem testados e;
  3. suba seus dados brutos em outras plataformas para obter matches variados.

Em outras palavras, mergulhe nos documentos antes de mergulhar nos genes.


José Araújo é genealogista.


José Araújo

Genealogista