Cenário

Crie uma imagem para um post quadrado do Instagram exibindo a cena dentro de uma igreja do século XVIII no Brasil em que haja um homem maduro, capitão; uma jovem de cerca de 20 anos, a madrinha; um bebê do sexo feminino que está para ser batizado; a mãe do bebê, uma mulher parda e jovem, de ascendência africana; e o pároco. O clima é de tensão, pois a identidade do pai é supostamente conhecida dos padrinhos, mas não do pároco.

Esse foi o comando que forneci ao ChatGPT na tentativa de descobrir se ele seria capaz de elaborar um cenário completo para representar um evento de minha genealogia materna – o batismo de minha sexta-avó Firmiana Maria Xavier na freguesia de Santo Antônio de Jacutinga, recôncavo da Guanabara, na segunda metade do século XVIII. Firmiana foi identificada em documentos posteriores como parda forra e filha da também parda forra Ana Maria Xavier. Os padrinhos de batismo dessa minha ascendente foram pessoas representantes de duas famílias da elite colonial naquela freguesia – o padrinho Manoel pertencia à família dos Correa Vasques e a madrinha Inácia Francisca pertencia à família dos Sanches de Castilho – , por isso suspeito que o pai dela pertencesse a uma dessas famílias.

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Barreiras

Há algumas semanas, como resposta a uma postagem que fiz em um grupo do Facebook dedicado à Genealogia Brasileira, recebi a seguinte pergunta: “Como descubro os antepassados da minha trisavó que era escrava?”. Minha primeira reação foi responder sucintamente que não havia resposta simples para a pergunta, mas depois, refletindo a respeito de quão pouco informativo eu havia sido, decidi ser mais detalhista e complementei dizendo que, dependendo da região onde sua trisavó viveu, a colega poderia tentar localizar documentos relacionados aos proprietários dela, tais como inventários e testamentos, pois neles era comum que se informassem os nomes dos escravizados. Se essa trisavó tivesse vivido em uma região para a qual houve muita pesquisa de historiadores, talvez estes já tivessem levantado esses documentos. O restante de meu complemento foi genérico, terminando com a seguinte afirmação: a Genealogia de pessoas afrodescendentes é complexa, demanda muita pesquisa e nem sempre traz os resultados esperados.

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Sanches

Em texto anterior, tratei da apresentação das famílias nas quais poderiam ser identificados candidatos viáveis para responder pela paternidade de minha sexta-avó Firmiana Maria Xavier, filha de Ana Maria Xavier, mulher solteira identificada como parda livre. Ao fim da análise, em que explorei principalmente as identidades dos padrinhos de batismo de Firmiana, sugeri que o pai dela poderia pertencer a uma de duas famílias de senhores de engenho na freguesia de Santo Antônio de Jacutinga, Rio de Janeiro, no século XVIII: a dos Correa Vasques, sobre a qual tratei naquele texto; ou a dos Sanches de Castilho, sobre a qual trato neste texto.

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